Plano de Aula – Percursos Alternativos https://percursosalternativos.com.br Novos caminhos para o aprendizado Fri, 14 Feb 2025 00:44:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 https://percursosalternativos.com.br/wp-content/uploads/2025/02/cropped-facnew-32x32.png Plano de Aula – Percursos Alternativos https://percursosalternativos.com.br 32 32 Gênero e Sexualidade https://percursosalternativos.com.br/genero-e-sexualidade/ https://percursosalternativos.com.br/genero-e-sexualidade/#respond Wed, 05 Feb 2025 02:46:41 +0000 https://percursosalternativos.com.br/mulheres-na-ciencia-copy/

Gênero e Sexualidade

Gênero e Sexualidade: O que é?

O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de violência contra a mulher e durante a pandemia de Covid-19 essa situação se agravou por causa do isolamento social. Segundo dados encontrados no site Politize!, somente no ano de 2017 cerca de 260.000 agressões foram registradas, todas baseadas na identidade de gênero. Esse tipo de violência é uma realidade em nosso país que afeta a vida de muitas vítimas. Portanto, nessa unidade estudaremos a diferença entre gênero e sexualidade e o porquê de algumas pessoas sofrerem por causa de questões associadas a esta temática. Além disso, veremos também exemplos de outras sociedades que pensam a relação de gênero de maneira diferente da nossa. Sugerimos que este conteúdo seja desenvolvido em duas aulas.

Contextualização teórica

Existem diferenças entre os termos gênero, identidade de gênero e sexo. As ciências sociais entendem o gênero como um conjunto de categorias associadas ao sexo masculino e ao sexo feminino. Logo, o conceito é construído socialmente na realidade e não algo natural.

As características atribuídas aos homens e às mulheres definem as posições que serão ocupadas por cada um na sociedade. Tais posições são baseadas segundo a cultura e com isso percebemos que as características associadas ao gênero podem sofrer variações, não sendo, portanto, estáticas. 

O fato de as características dos gêneros não serem fixas facilita o entendimento de que as pessoas podem ou não se identificar com as definições de gêneros que lhes são atribuídas quando elas nascem. A essas características damos o nome de identidade de gênero. 

Quanto à categoria de sexo, podemos defini-la com base nas características biológicas que diferenciam os homens das mulheres. Quando alguém sofre uma violência, seja ela física, sexual ou psicológica, por causa de sua identidade de gênero, é o que definimos por violência de gênero.  

Relevância em sala de aula

Infelizmente a violência de gênero é algo que não ocorre de forma isolada em nossa sociedade e muitas vezes acaba fazendo parte da realidade de um grande número de pessoas, de forma direta ou indireta. Essas vítimas, então, enfrentam os impactos que esse tipo de violência pode causar, seja no âmbito físico ou psicológico. Por isso, é importante que os estudantes estejam preparados para compreender o que é a violência de gênero, de modo que possam fazer análises críticas e saber sobre os seus direitos no que diz respeito ao assunto.

Objetivos

Objetivo Geral: Promover uma reflexão sobre a importância da igualdade de gêneros.

Objetivo Específico: 1) Diferenciar gênero e sexualidade; 2) compreender como a violência de gênero se desenvolve na nossa sociedade.

Preparando as aulas

Professora ou professor, para que você possa conduzir as aulas seguintes com tranquilidade, você deve ter uma boa compreensão dos conceitos de Gênero, sexualidade e violência de gênero. Também é importante que você esteja familiarizado com exemplos práticos desses conceitos que  podem estar presentes na vida dos estudantes. A seguir, temos uma sugestão de plano de aula para você. Para a realização dessas aulas você precisará de computador e projetor para apresentar as notícias.

Conteúdos

(5) Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais;

(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.

Tempo de aula: 45 minutos

Metodologia: Aula expositiva dialogada

Recursos didáticos: Computador, data show e slides

Introdução

Organize a turma em círculo para que todos mantenham contato visual.

Desenvolvimento

  1. Leia as notícias com os estudantes e pergunte o que elas têm em comum;
  2. Pergunte se os alunos acreditam que homens e mulheres têm as mesmas funções na nossa sociedade e promova um pequeno debate; 
  3. Apresente os slides com as definições dos conceitos de gênero, sexualidade e violência de gênero.

Encerramento

Peça que a turma se divida em dois ou três grupos, dependendo do número de estudantes, e que tragam exemplos de sociedades que tenham uma organização de papéis de gênero diferente da nossa. Os resultados das pesquisas deverão ser apresentados em uma roda de conversa na aula seguinte.

Tempo de aula: 45 minutos

Metodologia: Aula expositiva dialogada

Recursos didáticos: Computador, data show e caixa de som

Introdução

Organize a turma em círculo para que todos mantenham o contato visual e organize os grupos para que os resultados das pesquisas sejam apresentados.

Desenvolvimento

  1. Dê início a apresentação dos alunos e caso não seja citado, pergunte se existe alguma diferença entre os trabalhos exercidos por homens e mulheres naquela sociedade.
  2. Estimule os estudantes a comentar sobre o que mais chamou atenção a respeito dos papéis de gênero das sociedades apresentadas.
  3. Após todas as apresentações, pergunte aos estudantes se agora eles conseguem compreender melhor o porquê de o gênero ser uma construção social. 

Encerramento

  1. Apresente o clipe “Triste, louca ou má” de Francisco, el hombre. 

https://www.politize.com.br/violencia-de-genero-2/ 

BRASIL, Ministério da Educação. Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Rogério Diniz Junqueira (Org). Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2009. 

https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/unesco/orientacoes_tecnicas_sexualidade_unesco_2014.pdf 

Dicas de fontes para a pesquisa do trabalho proposto:

7 culturas com identidades de gênero não-binárias. 360 Meridianos, 2022. Disponível em: <https://www.360meridianos.com/especial/culturas-identidades-de-genero-nao-binarias> ;

Não-binário: culturas nas quais há outras formas de vivenciar o gênero para além do binário? Hypeness, 2021. Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2021/09/nao-binario-culturas-nas-quais-ha-outras-formas-de-vivenciar-o-genero-para-alem-do-binario/ >. 

Butler, J. (2016). Problemas de género: feminismo y subversión de la identidad. 11 ed. Río de Janeiro: civilización brasileña.

Brasil tem mais de 31 mil denúncias de violência doméstica ou familiar contra as mulheres até julho de 2022. Gov.br, 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2022/eleicoes-2022-periodo-eleitoral/brasil-tem-mais-de-31-mil-denuncias-violencia-contra-as-mulheres-no-contexto-de-violencia-domestica-ou-familiar>. Acessado em 01 de outubro de 2022. 

Mulheres negras são maioria das vítimas de feminicídio e as que mais sofrem com desigualdade social

Fonte: Agência Câmara de Notícias. Câmara.leg.br, 2021Disponível em: <https://www.camara.leg.br/noticias/832964-mulheres-negras-sao-maioria-das-vitimas-de-feminicidio-e-as-que-mais-sofrem-com-desigualdade-social/>. Acessado em 01 de outubro de 2022.

Brasil continua líder mundial de assassinatos da população trans. UOL Notícias, 2022. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2022/01/29/brasil-continua-lider-mundial-de-assassinatos-da-populacao-trans.htm>. Acessado em 01 de outubro de 2022

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Mulheres na Ciência https://percursosalternativos.com.br/mulheres-na-ciencia/ https://percursosalternativos.com.br/mulheres-na-ciencia/#respond Wed, 05 Feb 2025 02:46:09 +0000 https://percursosalternativos.com.br/recursos-naturais-copy/

Mulheres na Ciência

Mulheres na Ciência

Como já evidenciado e debatido em outros textos da Percursos Alternativos, há um padrão vigente em nossa sociedade, o qual foi criado e baseado no homem cisgênero, hétero, branco, europeu. Esse padrão está presente nas diferentes áreas da nossa sociedade e a produção do conhecimento não escapa dele. A exemplo, destacam-se as inúmeras mulheres que tiveram seus legados escondidos nas sombras de homens, como o caso de Jocelyn Bell, que descobriu, em 1967, os pulsares, estrelas de nêutrons rotativas que parecem “pulsar”, quando ainda era estudante de doutorado. Essa descoberta rendeu um Prêmio Nobel ao seu orientador, Antony Hewish, e a Martin Ryle, um físico e astrofísico britânico.  Mesmo que a descoberta tenha sido feita por Jocelyn, seu orientador alegou que dar o Nobel a uma aluna de doutorado poderia desvalorizar o prêmio.

Atualmente, as mulheres já ocupam um espaço maior no meio científico e muitos avanços foram feitos neste aspecto. Entretanto, não podemos ignorar que esse avanço não é igual em todas as áreas da ciência e muito menos igual para todas as mulheres. Dados da Parent in Science nos mostram que as áreas de Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação têm um baixo percentual de mulheres atuantes, apenas 13,6%. Quando falamos sobre a porcentagem relacionada à questão étnico-racial, deparamo-nos com um cenário muito desigual, em que 42,6% dos estudantes matriculados no ensino superior são brancos, 31,1% são pardos, 16,8% são não declarados, 1,7% são amarelos e apenas 0,7% são autodeclarados como indígenas.

Devido à disparidade de condições que as mulheres enfrentam para ingressar e permanecer no meio científico, devemos fomentar esse debate e incentivar nossas estudantes mulheres a se interessarem pela ciência, mostrando que esse também é espaço delas por direito, afinal, Ciência sem diversidade é apenas um ponto de vista.

Contextualização teórica

Historicamente, a divisão tradicional de funções segundo o gênero se apresenta como um dificultador do ingresso de mulheres nas profissões em geral e, principalmente, no meio científico. Segundo Londa Schienbinger (2001), existem conflitos que dificultam a permanência de mulheres na ciência, conflitos entre as responsabilidades domésticas e profissionais, entre relógio da carreira acadêmica e o relógio biológico.

Esses conflitos mostram como a ideia que se construiu, de que as mulheres estão reservadas a funções domésticas, impõe uma jornada dupla de trabalho às mulheres, fazendo com que elas tenham que se dedicar aos cuidados com a casa e ao trabalho. Isso faz com que as condições de trabalho entre cientistas homens e cientistas mulheres sejam extremamente desiguais. Nesse ínterim, a exclusão da mulher da vida pública e da vida científica é um fato, mas que, com o passar do tempo e o avanço das pautas do movimento feminista, mudanças sociais ocorreram e houve um aumento na inclusão das mulheres na ciência e na vida política. Entretanto, as mulheres encaram diariamente desafios inexistentes na vida dos homens.

Segundo Schienbinger (2001), o ingresso de mulheres no campo científico trouxe grandes transformações; mudanças, inclusive, na maneira como as relações entre gênero e ciência são analisadas. A adoção do corpo masculino como a medida de todas as coisas traz inúmeras consequências negativas para a ciência, que fazem, por exemplo, com que os processos mais básicos do organismo feminino sejam negligenciados. Um exemplo disso é a administração de tratamentos inadequados que eram feitos em mulheres, baseados na fisiologia do homem. 

Devemos evitar um olhar biologizante ao pensar sobre papéis de gênero nos estudos científicos, como, por exemplo, reproduzir a ideia de que existem “qualidades femininas de pesquisadora”. O que precisamos, portanto, é trabalhar na formação de jovens cientistas e no cotidiano da ciência uma consciência crítica de gênero, compreendendo como os papéis de gênero funcionam na sociedade e na ciência, buscando, dessa forma, amenizar as desigualdades geradas pela diferença de gênero.

Relevância em sala de aula

Os desafios enfrentados pelas mulheres que decidem investir na carreira de cientista não são poucos. Esses desafios estão relacionados à diferença salarial existente entre homens e mulheres, à dificuldade em conciliar a ciência e a maternidade e a outros inúmeros fatores. Mesmo com todas as dificuldades, as mulheres não desistiram da ciência e seguem, século após século, fazendo importantes descobertas para a humanidade. 

O acesso à educação ainda é um desafio para meninas e mulheres em diversas partes do mundo. Nessa esteira, a ONU estabeleceu o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5, que determina metas de curto, médio e longo prazo, vislumbrando a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas. Desse modo, a escola tem um importante papel em mostrar para as suas estudantes que seguir uma carreira científica é uma possibilidade, assim como na conscientização dos jovens sobre as desigualdades de gênero existentes no nosso cotidiano.

Objetivos

  1. Conscientizar os estudantes sobre a importância de mulheres ocuparem espaços na ciência;
  2. Apresentar aos estudantes algumas dificuldades relacionadas a desigualdade de gênero que essas profissionais encontram para exercerem sua profissão.

Preparando as aulas

Professor(a), para conduzir a aula seguinte, é fundamental que você tenha domínio dos dados e da perspectiva histórica da atuação das mulheres no meio científico. Além disso, você deve se familiarizar com exemplos das dificuldades enfrentadas pelas mulheres no campo da produção de conhecimento, que sejam palpáveis para os estudantes. A seguir, há uma sugestão de abordagens para a condução do tema em duas aulas, sendo necessário ter computador e projetor para apresentar músicas e vídeos.

Categoria :

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Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para o Ensino Médio

1 – Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica; 

5 – Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

Habilidades Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para o Ensino médio

(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais;

(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.

Habilidade Ciências da Natureza e suas Tecnologias

(EM13CNT305) Investigar e discutir o uso indevido de conhecimentos das Ciências da Natureza na justificativa de processos de discriminação, segregação e privação de direitos individuais e coletivos, em diferentes contextos sociais e históricos, para promover a equidade e o respeito à diversidade.

Introdução

Pergunte aos/às estudantes quantas cientistas mulheres eles/as conhecem e faça um diálogo a partir dos dados e informações trazidos por eles/as;

Desenvolvimento

Após o breve diálogo com a turma, a exiba o vídeo “Somos Todos Ciência – Meninas na Ciência”, produzido pelo SBPCnet e disponível neste link. O vídeo tem uma duração de menos de 5 minutos e irá auxiliar na compreensão dos alunos acerca da importância da inserção das meninas, estudantes do ensino básico, em atividades científicas.

Logo depois de exibir o vídeo, você pode apresentar dados sobre a atuação de mulheres na ciência brasileira atualmente. Tias informações podem ser encontradas no texto formativo “Elas na Ciência” (inserir link). Por meio de slides, você pode mostrar que as mulheres são, hoje, maioria dentro do grupo de pessoas com título de doutor no Brasil, mas que, apesar desse grande passo, devemos estar atento que a ciência ainda é um horizonte mais longínquo para as mulheres pretas e indígenas, por exemplo. Neste momento, você pode aproveitar para apresentar a história de cientistas mulheres que se destacaram por suas descobertas e ações.

A seguir, algumas sugestões de nomes:

  •  Vanessa Romanelli: Assessora científica no Instituto Jô Clemente e realiza estudos no teste do pezinho, exame de triagem neonatal; é responsável por identificar doenças como a Atrofia Muscular Espinhal (AME) em bebês recém-nascidos. Vanessa é uma pessoa que usa cadeira de rodas, em decorrência da AME, descoberta ainda na infância. Você pode descobrir mais sobre a Vanessa e seu trabalho em sua conta no Instagram https://instagram.com/ame.pesquisa?igshid=YmMyMTA2M2Y= . 

Avaliação

Antes de encerrar a aula, solicite como atividade para casa, um levantamento sobre quantas cientistas mulheres são apresentadas nos livros didáticos utilizados pela turma. Divida a turma em grupos conforme as diferentes áreas do conhecimento, para que cada grupo possa realizar a pesquisa em um livro didático diferente.

Documentário “Meninas Negras na Ciência: Fortalecendo a diversidade” produzido pelo Museu da Vida/Fiocruz. 

Kovaleski, N. V. J., Tortato, C. S. B., & De Carvalho, M. G. (2014). As relações de gênero na história das ciências: a participação feminina no progresso científico e tecnológico (Gender relations in the istory of science: The women´s participation in the scientific and technological progress) Doi: 10.5212/Emancipacao.v.13. Emancipação, 13(3), 9–26. Recuperado de link

Parent in Science. Mulheres e Maternidade no Ensino Superior no Brasil. Disponível em link.

Blog Portal Pós. Mulheres na ciência: importância, desafios enfrentados e como ingressar na área. 8, mar. 2022. Disponível: https://blog.portalpos.com.br/mulheres-na-ciencia/>. Acesso em 30 mar. 2023.

MOUZO, Jéssica. Mulheres cientistas escondidas pela História. El País, 18, nov 2017. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/15/ciencia/1510751564_040327.html>. Acessado em: 30 mar. 2023.

SCHIEBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Bauru, SP: EDUSC, 2001.

VILLON, Elsa. Conheça cientistas mulheres com deficiência. Instituto Paradigma. 11 Fev, 2022. Disponível em: <https://iparadigma.org.br/conheca-cientistas-mulheres-com-deficiencia/>. Acessado em: 31 mar. 2023. 

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Recursos Naturais https://percursosalternativos.com.br/recursos-naturais/ https://percursosalternativos.com.br/recursos-naturais/#respond Wed, 05 Feb 2025 02:45:44 +0000 https://percursosalternativos.com.br/astronomia-africana-copy/

Recursos Naturais

Recursos naturais

Diante da poluição ambiental, a qual implica na escassez de recursos naturais, faz-se interessante compreender o que são recursos naturais, bem como a degradação ao qual estão submetidos e o que pode ser feito para possibilitar a manutenção da vida no planeta que habitamos. A partir desta temática, propõe-se discutir a escassez de recursos naturais e a gestão destes com base em três eixos: Mata/Biomas, Recursos Hídricos e Geração de Energia. Ou ainda, a relação da cidade com os recursos naturais, como, por exemplo, a produção e gestão de resíduos, a urbanização e canalização de rios, bem como sua relação com enchentes, e o impacto decorrente do crescimento populacional. São propostas 3 aulas para discutir a temática.

Contextualização teórica

De acordo com o Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente 2004 (IBGE, 2004), recursos naturais são “matérias-primas, tanto aquelas renováveis como as não renováveis, obtidas diretamente da natureza” e utilizadas pelo ser humano. Com a mudança das tecnologias de produção, de manufatura para industrial, a velocidade de extração de recursos, bem como o impacto – decorrente da poluição industrial – alteraram significativamente tanto o modo de vida da população quanto o impacto das ações antrópicas, isto é, decorrente das ações humanas.

Diante da consequência da poluição ambiental na saúde humana, começou-se a questionar a relação entre o desenvolvimento econômico e o uso dos recursos disponíveis na natureza. É importante observar que estes recursos – tais como, terra para o plantio, oxigênio para a respiração, água potável, entre outros – garantem a manutenção da vida humana, de outros animais e todos os seres vivos. Além disso, diante da perspectiva de aumento populacional, é interessante pensar quais serão os desafios para oferecer alimento e energia para população, a fim de que tenham uma vida digna.

Vale ressaltar que a forma de lidar com o meio ambiente varia entre diferentes povos e comunidades, como é pontuado Marques e Morales (2021, p. 179)

“Dependendo da cultura, os diferentes grupamentos e comunidades possuem relação diferenciada com a natureza. Esse trato social/humano relativamente aos recursos naturais pode ser construído pela ancestralidade da comunidade que particularmente povoa determinada região do território. É sabido que os povos originários (indígenas que habitavam o Brasil antes do chamado “descobrimento”) e as comunidades tradicionais (quilombolas, ribeirinhos, pescadores, caiçaras, geraizeiros, pantaneiros, ciganos, seringueiros etc.), cada qual, tem uma relação estreita com a natureza. Aspectos como a sobrevivência, a relação com as divindades e a perplexidade quanto ao futuro, dentre outros, demandam ações e interações diferentes no tratamento da natureza e, consequentemente, preservação ou degradação do meio ambiente.”

Dessa forma, é interessante observarmos como nós, enquanto seres humanos, estamos nos relacionando com a natureza e qual o impacto da degradação ambiental na nossa vida.

Relevância em sala de aula

A escassez de recursos e a degradação ambiental são temas cada vez mais presentes nas manchetes jornalísticas. Compreender como esta temática nos afeta e pensar possibilidades para melhorar nossa relação com o ambiente que nos cerca é uma tarefa que deve ser realizada por toda a sociedade. Espera-se que os estudantes sejam capazes de interpretar os textos de noticiários e situações que perpassam esta temática e possam identificar como estas questões os afetam, a fim de se posicionarem de forma ativa nesta temática.

Preparando as aulas

Para conduzir as aulas é importante que você tenha compreendido os conceitos de: recursos naturais, degradação ambiental, urbanização, energias renováveis e matriz energética. Além disso, é importante que você se familiarize com exemplos desses processos que estão presentes no cotidiano dos estudantes. Para isso leia o texto formativo Recursos Naturais.

A seguir, produzimos uma sugestão de abordagens para a condução do tema em três aulas. Para as aulas que se seguem, você precisará de computador e tela para apresentar músicas e vídeos. Os recursos utilizados serão músicas, vídeos, textos e debates com os estudantes.

Sendo assim, esta temática é multidisciplinar e pode-se trabalhar diversas semioses, como análise de reportagens e músicas, compreensão e interpretação de gráficos, por exemplo.

  • Competências específicas de matemática e suas tecnologias para o ensino médio

Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioeconômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral.

  • Ciências da natureza e suas tecnologias no ensino médio: competências específicas e habilidades

Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.

Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

  • Habilidades

(EM13MAT102) Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesquisas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por diferentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de interpretação, como escalas e amostras não apropriadas.

(EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeoquímicos e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e da interferência humana sobre esses ciclos, para promover ações individuais e/ ou coletivas que minimizem consequências nocivas à vida.

(EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais, tecnologias e possíveis soluções para as demandas que envolvem a geração, o transporte, a distribuição e o consumo de energia elétrica, considerando a disponibilidade de recursos, a eficiência energética, a relação custo/benefício, as características geográficas e ambientais, a produção de resíduos e os impactos socioambientais e culturais.

(EM13CNT206) Discutir a importância da preservação e conservação da biodiversidade, considerando parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ambientais para a garantia da sustentabilidade do planeta.

(EM13CNT309) Analisar questões socioambientais, políticas e econômicas relativas à dependência do mundo atual em relação aos recursos não renováveis e discutir a necessidade de introdução de alternativas e novas tecnologias energéticas e de materiais, comparando diferentes tipos de motores e processos de produção de novos materiais.

(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos (saneamento, energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saúde e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de avaliar e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da população.

Aula 1

Desmatamento, degradação ambiental e o uso de agrotóxicos

São inúmeras as contribuições que as florestas promovem, quando de pé. Podemos citar a relação com o conforto térmico, a biodiversidade, a manutenção do ciclo da água e a relação com o ar atmosférico (ciclo do carbono), ditos serviços ecossistêmicos. Dessa forma, a queima e o desmatamento destas podem comprometer o meio ambiente, seja por liberação de gases de efeito estufa decorrente da queima, seja porque não será possível realizar os ciclos biogeoquímicos

Soma-se aos problemas decorrentes da derrubada de florestas a manutenção da vida de comunidades tradicionais, as quais nutrem uma relação de troca com o meio ambiente, por meio de atividades extrativistas. 

Pode-se ainda mencionar, que o impacto da degradação deste recurso natural pode impactar nas atividades agrícolas, por exemplo, alterando o ciclo de chuvas – e outras alterações climáticas. No entanto, diz-se que é um ciclo vicioso, pois a atividade econômica agropecuária – a fim de aumentar a área de plantio e de pasto – promove a derrubada de árvores e ainda o uso de agrotóxicos (também conhecidos como defensivos agrícolas), os quais contaminam principalmente o solo e os recursos hídricos.

Dessa forma, para esta temática propõe-se duas músicas, pode-se escolher trabalhar com as duas ou escolher uma para dar continuidade às atividades. 

Dinâmica proposta

Uma opção, em relação a disponibilidade de tempo em sala de aula, é dividir a sala em dois grupos (Atividade 1 e Atividade 2), onde um grupo irá trabalhar a música e o outro irá trabalhar a análise da reportagem ou de textos selecionados. No final da aula, cada grupo escolhe dois representantes para apresentar o que discutiram. 

Ao final desta aula, espera-se que os estudantes estejam atentos às degradações dos biomas e que sejam capazes de interpretar informações relacionadas ao tema. 

É interessante que se contraponha o índice de degradação ambiental ou o manejo de recursos naturais em áreas de comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, por exemplo. 

Atividade 1

Introdução 

Pode-se introduzir o tema falando sobre os biomas brasileiros. De acordo com o site Educa IBGE 

Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação que são próximos e que podem ser identificados em nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria.

Em nosso país podemos encontrar seis tipos de biomas: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. Nossos Biomas são importantes não somente como recursos naturais em nosso país, mas, tem destaque como ambientes de grande riqueza natural no planeta (IBGE, 2022).

Em seguida, são propostas duas músicas que tratam da questão do desmatamento. A primeira, Matança, fala da derrubada de árvores históricas da Mata Atlântica, este bioma, ainda de acordo com o Educa IBGE, “ocupa aproximadamente 13 % do território brasileiro e, por se localizar na região litorânea, ocupada por mais de 50% da população brasileira, é o Bioma mais ameaçado do Brasil” (IBGE, 2022). Desta forma, segundo o texto, somente 27% da sua cobertura vegetal original está preservada. 

E a segunda música proposta, Saga da Amazônia, fala do desmatamento na Amazônia e dos grileiros e a violência por disputa de terras que ocorre neste território. 

MATANÇA – XANGAI

https://www.youtube.com/watch?v=i61dC-Wz tG0

SAGA DA AMAZÔNIA  – VITAL FARIAS https://www.youtube.com/watch?v=TyZmQ3DsDOs

Após ouvir e ler a letra da música, é possível propor aos estudantes que dialoguem sobre o que compreendem da temática. 

Por exemplo, em um trecho, a música Matança traz: 

Tal mata atlântica e a próxima amazônica

Arvoredos seculares impossível replantar

Neste trecho é possível trabalhar a extensão do desmatamento da Mata Atlântica e como outros biomas têm sido degradados, tais como a Amazônia e o Pantanal

Atividade 2

O outro grupo terá que escolher e ler uma das reportagens:

Ou outra reportagem escolhida, e trazer à tona questões relacionadas à implicação do desmatamento, como por exemplo:

  • Quais as características deste bioma e onde está localizado
  • Quais impactos o desmatamento da Mata Atlântica e da Amazônia?
  • Uma floresta é mais valiosa em pé ou desmatada? 
  • Como é utilizada a madeira de desmatamento? Qual a alternativa? 
  • Como é a relação de povos tradicionais com as florestas?
  • A violência e os recursos naturais 
  • Consequências do desmatamento
  • Como evitar o desmatamento?

Pode-se propor que os estudantes pesquisem o tema e apresentem as informações que localizarem ou propor a leitura de reportagens e/ou textos selecionados sobre o tema e apresentar os pontos principais do texto. 

 

Figura 1: Recorte da reportagem da Folha de São Paulo sobre o aumento do desmatamento no bioma Mata Atlântica

O grupo pode também optar por analisar os dados apresentados na reportagem, ou fazer um resumo do que é veiculado no texto. O gráfico da Figura 2, por exemplo, é interessante de ser analisado. 

Figura 2: Dados de desmatamento da Mata Atlântica em milhares de hectares de 2010 a 2021 e a variação em porcentagem

Encerramento

Pode-se propor que os estudantes apresentem o que foi discutido e ainda, em uma atividade imaginativa, que identifiquem soluções para os problemas observados.

Atividade para casa

Em uma atividade interdisciplinar, pode-se propor que os estudantes pesquisem as espécies citadas na música – é interessante observar de quais regiões estas árvores são nativas e de quais biomas.

O professor também pode recomendar o seguinte vídeo: “O que a pandemia de COVID-19 tem a ver com o desmatamento?

Crescimento Populacional / A cidade e os recursos naturais

Abaixo é apresentada a projeção de crescimento da população mundial até o ano de 2100 (Figura 3). O gráfico está em inglês e seria interessante propor aos estudantes a tradução e interpretação das informações. De acordo com o site, estas são projeções probabilísticas, feitas em relação à fecundidade total e expectativa de vida ao nascer. 

De acordo com o Banco Mundial, em 2021, a população mundial era cerca de 7,8 bilhões e, de acordo com a projeção da ONU, pode chegar a cerca de 9,7 bilhões em 2060. Observando-se nacionalmente o Brasil conta hoje com uma população de cerca de 215 milhões e deve atingir seu pico populacional em 2046, com 231,1 milhões (Folha de São Paulo, 2022).

Figura 3: Projeção da população mundial até 2100

Figura 3: Projeção da população mundial até 2100

Diante da projeção de aumento da população mundial realizada pela ONU (Figura 3) e cientes do impacto que este aumento pode causar, por exemplo, em termos de demanda de recursos naturais, pode-se trabalhar nesta aula a dinâmica da vida nas cidades (questão de moradia, mobilidade, acesso a saneamento básico, etc.). 

Introdução e desenvolvimento

Para introduzir o assunto, propõe-se a exibição do documentário Ilha das flores (13 minutos). 

O documentário é da década de 1988, dessa forma é interessante observar se os fatos apresentados continuam atuais e quais os problemas eles observam na vivência em meio urbano. Pode-se discutir a questão dos resíduos sólidos e tecnologias que estão sendo aplicadas nas cidades, tais como, ecopontos e captação de água da chuva para reuso. 

Pode-se discutir as seguintes questões: 

  • Quais são as necessidades básicas para se viver em uma cidade? Por exemplo: mobilidade (ônibus em horários que atendam as demandas da população e com corredores exclusivos, que tornem o transporte público mais vantajoso do que o uso de carros particulares, ciclovias/ciclofaixas, saneamento básico (coleta de resíduos, fornecimento de água potável, esgotamento sanitário e drenagem de água das chuvas), moradias, espaços de lazer, etc.
  • Qual o impacto do aumento populacional? (Serão necessários mais espaços para moradia, por exemplo, aumentará a demanda energética, de água potável e de alimentos. Além disso, acarretará um aumento nos resíduos gerados, etc.)

Encerramento

Para encerrar a aula pode-se apresentar músicas, tais como “A Cidade” (Nação Zumbi) e “Iarinhas” (Luiza Lian) – que trazem, respectivamente, a relação da desigualdade no espaço urbano e a questão das enchentes decorrentes da canalização de rios. Dessa forma, a partir das músicas, pode-se discutir, por exemplo, o processo de urbanização. 

O professor ainda pode recomendar as seguinte leituras:

 

Revista FAPESP: Enchentes: as águas encontram saídas.

 

Projeto Manuelzão (UFMG).

 

Canalização de córregos.

Energia elétrica, transformação no cotidiano e novas fontes de energia

Fazendo uma conexão com a aula anterior pode-se mencionar que além do aumento da demanda de recursos naturais, o aumento populacional pode provocar, também, um aumento da demanda energética. 

Dessa forma, esta aula, de modo interdisciplinar, pode abordar a geração de energia elétrica e novas fontes de energia. 

Atividade 1

Com a projeção de aumento populacional, umas das demandas será o acesso a energia elétrica. Para introduzir a temática pode-se reproduzir o vídeo a seguir que trata sobre a produção de energia elétrica e distribuição até as residências. 

Ciência Explica – “Como a energia elétrica chega até a nossa casa?”

Em seguida, pode-se discutir a matriz energética brasileira e novas tecnologias para a produção de energia. Propõe-se utilizar a lousa e ir construindo juntamente com os estudantes as fontes que eles conhecem, se são renováveis ou não-renováveis e quais os impactos ambientais que esta forma de produção energética pode gerar. O infográfico da Figura 4 pode auxiliar na construção desta tabela.

Tabela 1: Sugestão de tabela para construção coletiva com os estudantes

Recurso

Classificação (Renovável / Não-renovável)

Vantagens

Desvantagens

Biomassa

   

Solar

   

Eólica

   

Hidráulica

   

Urânio

   

Gás Natural

   

Carvão Mineral

   

A Figura 4 apresenta um infográfico sobre as fontes de energia que compõem a matriz energética brasileira.

 

Figura 4: Composição da matriz energética brasileira

Fonte: Balanço Energético Nacional (BEN, 2022)

Encerramento

Dentro da categoria “Outras energias renováveis” entram as seguintes fontes, ilustradas na Figura 5, pode-se propor aos estudantes que pesquisem estas fontes (origem, onde é aplicada, como utilizar, por exemplo). 

Figura 5: Outras fontes renováveis

Fonte: Balanço Energético Nacional (BEN, 2022)

Sugestão de filme

Fica ao seu critério, docente, a exibição de filme ou indicação para os estudantes assistirem.  Como sugestão, este filme pode ser exibido e pode-se discutir o impacto da energia eólica, por exemplo.

O filme “O menino que descobriu o vento” (2019).

Professor(a), para a complementação do processo de ensino-aprendizagem, você pode indicar a leitura do seguinte texto a seus estudantes:

Recursos Naturais

Marques, Mauricio Dias; Morales, Angélica Gois. (2021) Verificação da relação com a natureza por parte de uma comunidade quilombola do Tocantins. Disponível em: <https://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/1290/1230> . Acesso 16 out 2022

IBGE (2004). Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv4730.pdf>. Acesso 10 out 2022 

Desmatamento na Amazônia: dinâmica, impactos e controle

Brasil deve passar a 7º mais populoso, depois da Nigéria – 11/07/2022 – Mundo – Folha.

IBGE Educa. BIOMAS BRASILEIROS. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/territorio/18307-biomas-brasileiros.html. Acesso 29 out 2022

A questão energética no mundo contemporâneo ( FUNDAÇÃO CECIERJ – Material do professor)

A questão energética no mundo contemporâneo

Unidade 3: A questão energética no mundo contemporâneo – Canal CECIERJ

EPE. Matriz Energética e Elétrica. Disponível em: <Matriz Energética e Elétrica>. Acesso 16 out 2022

EPE. Balanço energético Nacional 2022 (Ano base 2021). Disponível: <BEN 2022 | Relatório Síntese | Ano base 2021>

Jornal El País. Os ventos da economia verde não sopram para o Quilombo do Cumbe. Disponível em: <Racismo ambiental: Os ventos da economia verde não sopram para o Quilombo do Cumbe | Atualidade | EL PAÍS Brasil>. Acesso 16 out 2022

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Astronomia Africana

Introdução

Historicamente houve, e ainda há, uma desvalorização dos africanos e de seus descendentes enquanto produtores de conhecimentos científicos. A África está sujeita a um regime representacional, isto é, a um repertório de imagens cujos sentidos são de um lugar selvagem e primitivo, de onde não brotou nenhum tipo de conhecimento sofisticado capaz de interessar ao conjunto da humanidade. Por séculos foi lançada, a partir da Europa, uma gama de olhares sobre os africanos cujo resultado foi desqualificá-los enquanto povos humanos e pensantes. Enquanto isso, a Europa moderna construiu sobre si um regime representacional de complexo civilizatório superior a qualquer outro que já tenha existido. A partir dessa introdução histórica, torna-se importante problematizar os processos de desqualificação do continente africano, enquanto território intelectualmente fértil, e o apagamento da história científica africana ao longo dos séculos. Primeiro, é fundamental compreender que para implementar uma supremacia civilizacional e intelectual ao longo dos séculos, os europeus promoveram um processo de descrédito de qualquer outra civilização do mundo. Nesse contexto, a África passou por episódios de exploração, roubo, saqueamento, escravidão, colonização e extermínio de seus povos nativos que, consequentemente, levaram a sua história a ser contada de forma exógena, isto é, por aqueles que eram estranhos e externos ao continente e ser silenciada, apagada, distorcida. Portanto, o continente africano foi inventado pelo imaginário ocidental como o local do primitivismo e da selvageria onde nunca floresceu nenhum tipo de civilização. Dentro dessa representação discursiva, os africanos não teriam capacidade cognitivo-intelectual de produzir conhecimento científico, o que confirmaria a sua inferioridade. Segundo, é preciso observar que em contraposição à representação negativa formulada de África, a Europa produziu sua autoimagem como sinônimo de complexo civilizacional superior, o único capaz de criar conhecimento científico. Dessa maneira, a ciência foi narrada como uma capacidade exclusiva dos povos europeus, sendo ocultado que eles roubaram e saquearam o patrimônio africano, bem como silenciaram e apagaram a ciência africana. Há algumas décadas, um conjunto de pesquisas vem trazendo evidências não só do grande desenvolvimento do conhecimento científico africano antigo e medieval, mas também de sua importância fundacional para a ciência no Ocidente. Ao contrário do que se convencionou dizer, as origens da matemática, da filosofia e de ciências como a medicina, a química e a astronomia não são europeias, mas africanas. Sendo assim, esse plano de aula apresenta uma proposta que busca trazer à tona um conhecimento científico há séculos silenciado: as origens africanas da astronomia. Existe um reconhecido pioneirismo africano na criação de calendários e na construção de observatórios astronômicos ainda na Antiguidade. No entanto, o desenvolvimento astronômico não se limita a essas contribuições já bastante conhecidas. O conhecimento científico a respeito dos astros foi profundamente desenvolvido por algumas sociedades africanas muito anteriormente ao conhecimento moderno europeu. Os Dogons, grupo étnico que vive no Mali, no oeste africano, próximo ao Senegal, é a representação da existência de um conhecimento astronômico sofisticado no continente africano que antecipou, em muitos aspectos, o produzido na Europa.
Figura 1: Observe a localização do Mali no continente africano
Desde a década de 1930, pesquisas têm trazido à tona o saber astronômico desenvolvido por esse povo há pelo menos sete séculos. Naquela época, eles já tinham um conhecimento bastante moderno sobre o sistema solar como, por exemplo, a existência dos anéis de Saturno, das luas de Júpiter e a estrutura espiral da Via Láctea. Além disso, esse povo já sabia que os planetas realizam movimentos de rotação, ou seja, giram em torno de seu próprio eixo, e que realizam uma órbita elíptica em torno do Sol. Vale destacar que os cientistas europeus chegaram a essas mesmas conclusões muito depois dos Dogons. Se a tese heliocêntrica de Nicolau Copérnico foi publicada apenas no século XVI, o conhecimento Dogon data de, pelo menos, um século antes. Se o conhecimento sobre as órbitas elípticas dos planetas aparece no conhecimento ocidental com Johannes Kepler somente no século XVII, pode-se dizer que a compreensão do universo pelo povo africano era mais avançada do que o conhecimento europeu. Uma das maiores evidências da existência de um conhecimento sofisticado e profundo do povo Dogon sobre astronomia são os estudos que eles desenvolveram sobre uma estrela em particular, a Sirius B, que é uma estrela anã branca que acompanha a estrela Sirius, e é invisível a olho nu. Em busca de mais precisão, os Dogons incorporaram a trajetória de algumas estrelas a seus calendários, sendo esse o caso da Sirius B. A estrela Sirius, a mais brilhante do céu, era conhecida e estudada por diversos povos. Mas o interesse particular dos Dogons estava em sua companheira Sirius B. Os Dogons foram capazes de calcular, por exemplo, o tempo e a forma da órbita da Sirius B ao redor da Sirius. Esses dados foram os mesmos obtidos pela astronomia ocidental séculos mais tarde. Nesse sentido, os dados sobre a estrela Sirius B estão profundamente enraizados na cultura Dogon, havendo festividades e cerimônias relacionadas a essa temática. Esse povo possui uma tradição sistemática de observação do céu que pode ajudar a explicar a origem de tais conhecimentos científicos. Ainda é importante dizer que se especula que os Dogons possam ter criado instrumentos de observação espacial a partir de conjugação de lentes, produzindo um telescópio “ancestral”.

Relevância em sala de aula

O caso Dogon é um exemplo que pode ser utilizado em sala de aula, pois mostra que os africanos desenvolveram conhecimentos científicos em diferentes áreas que foram importantes para a ciência ocidental e mundial. Além disso, a sofisticação e a profundidade do conhecimento científico africano antigo e medieval superou, em muitos aspectos, o desenvolvimento europeu. Histórias como as do povo Dogon ajudam-nos a destruir o mito de que a Europa possui uma superioridade intelectual diante do mundo, posiciona o africano e seus descendentes no centro da produção de conhecimentos e combate estereótipos que colocam o negro no lugar do primitivo e do acientífico. Trabalhar essas questões em sala de aula contribui para uma abordagem ampla da História da África, incluindo nas aulas de Ciências da Natureza a história da Ciência Africana e produzindo um empoderamento intelectual dos negros que passam a se ver representados nas ciências, tal como preconiza a lei 10.639/2003[1]. [1] A lei 10.639, promulgada no ano de 2003, tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira na educação básica.

Preparando as aulas

Para este conjunto de aulas, você, professor(a), precisará ler o texto formativo “A ciência africana” e contar com um computador e uma tela para projetar vídeos e músicas. É importante que você compreenda que o conhecimento científico africano não apenas contribuiu para a formação da ciência ocidental, mas foi fundador da mesma. A ideia de contribuição pode carregar um teor paternalista, que pressupõe um conhecimento de menor valor. Procure salientar o pioneirismo científico africano e fique atento para não abordá-lo como de menor valor, mas sim como tão sofisticado quanto o europeu. A seguir, sugerimos um conjunto de duas aulas em que você pode desenvolver a temática sugerida.

Objetivos

Ao final dessas aulas, os alunos devem ser capazes de compreender a ciência africana como fundamental para o desenvolvimento da ciência ocidental; identificar o pioneirismo da ciência africana; reconhecer os africanos e seus descendentes como sujeitos cognoscentes e produtores de conhecimento científico.

Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.

(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias e leis propostos em diferentes épocas e culturas para comparar distintas explicações sobre o surgimento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo com as teorias científicas aceitas atualmente.

(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar.

Introdução

Inicie a aula questionando se os alunos sabem o que é astronomia e o que se estuda nesse campo de saber. A partir das respostas dos estudantes, explique o que é essa ciência. Se achar pertinente, utilize esse vídeo do canal Com Ciência  

Desenvolvimento

Aborde, de forma sucinta, a história das origens da astronomia, suas relações com a religião e sua importância para a agricultura na Antiguidade;

Trate sobre a astronomia da Antiguidade, a elaboração de calendários e os observatórios antigos. Nesse contexto, é importante destacar o pioneirismo africano nessa temática. Você pode fazer isso a partir da astronomia egípcia e de outros exemplos pertinentes que são bastante conhecidos, como os diversos observatórios antigos encontrados no continente africano.

Encerramento

Ressalte que o continente africano possui uma importância ímpar para o desenvolvimento científico mundial;

Exiba o vídeo “História da Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente – Carlos Machado”, do canal Ação Educativa, em que o entrevistado fala brevemente sobre tal importância.

Peça aos estudantes que façam uma pesquisa para a próxima aula sobre mais informações em relação à astronomia africana. Peça para eles levarem para a sala de aula os resultados das pesquisas sobre os conhecimentos astronômicos africanos, sobretudo da Antiguidade e Idade Média.

Introdução
Inicie discutindo com os estudantes os resultados da pesquisa solicitada. Observe se apareceu alguma informação sobre o tema dessa aula: os Dogons. Debata com os estudantes o que os resultados dessa pesquisa podem indicar. Desenvolvimento Destaque que tantos os grandes impérios africanos como os povos tradicionais desenvolveram uma série de conhecimentos científicos desde a antiguidade; Introduza quem é o povo Dogon. Questione se os estudantes sabem onde fica o Mali. Você pode utilizar a imagem abaixo para localizar os estudantes no continente africano, destacando onde fica o país em questão.
Aborde os conhecimentos do povo Dogon, ressaltando seu método científico de observação sistemática, a acurácia e pioneirismo de seus saberes. Procure destacar que, durante muito tempo, o conhecimento astronômico do povo Dogon foi superior ao conhecimento ocidental, ou seja, eles sabiam muito mais sobre o Universo do que os europeus até aquele momento. Você pode utilizar o vídeo “Povo Dogon, os Astrónomos africanos | Mwana Afrika Oficina Cultural”, do canal Mwana Afrika, para lhe ajudar a apresentar os conhecimentos Dogon; Ressalte que os conhecimentos astronômicos dos Dogons anteciparam em alguns séculos os conhecimentos europeus. Encerramento Exiba o clipe da música “Nave”, composta por Clarice Peluso e Verônica Ferriani e interpretada por Xênia França Deixe um tempo para que os estudantes possam dizer o que acharam da música, do clipe e como estão relacionados ao material das aulas; Você pode relacionar, por exemplo, o fato da cantora no clipe estar procurando, escavando indícios da presença de seus ancestrais naquele lugar, um processo que pode ser análogo ao objetivo dessa aula: resgatar e discutir os conhecimentos e histórias africanas que foram silenciados e soterrados ao longo dos séculos. Indique aos estudantes a leitura do nosso texto “Astronomia negro-africana: os pretos estão tão no topo que nem o caça da Força Aérea consegue abater!”.

ADAMS, Hunter Havelin. African observes of the universe: the sirius question. In: VAN SERTIMA, Ivan (ed.). Blacks in Science: ancient and modern. New Burnswick; London: Transaction Publishers, 1983. p. 27-45.

EDUCATIVA, Ação. História da Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente – Carlos Machado. YouTube, 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=n9RVSATlGE0. Acessado em 07 de novembro 2022.

MUDIMBE, Valentin-Yves. A invenção da África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Portugal/Luana: Edições Pedago; Edições Mulembra, 2013.

NASCIMENTO, Elisa Larkin. Introdução às antigas civilizações africanas. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). A matriz africana no mundo. São Paulo: Selo Negro, 2008c. p. 55-72.

AFRIKA, Mwana. Povo Dogon, os Astrónomos africanos | Mwana Afrika Oficina Cultural. YouTube, 2022. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EV17qiG66Gs. Acessado em 07 de novembro de 2022.

SERTIMA, Ivan. The lost sciente of Africa: na overview. In: VAN SERTIMA, Ivan (ed.). Blacks in Science: ancient and modern. New Burnswick; London: Transaction Publishers, 1983. p. 7-26.

XENIA FRANÇA | NAVE (VIDEOCLIPE OFICIAL). S.I.: Filmes da Diaba, 2019. (4 min.), color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FoWCoELm57c. Acessado em 07 de novembro de 2022.

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Monocultura https://percursosalternativos.com.br/monocultura-dos-saberes/ https://percursosalternativos.com.br/monocultura-dos-saberes/#respond Wed, 05 Feb 2025 02:44:51 +0000 https://percursosalternativos.com.br/corpos-negros-copy/

Monocultura

Monocultura de saberes e a agricultura no Brasil

Revolução é o termo que usamos quando uma determinada estrutura da sociedade se transforma radicalmente. Desse modo, a Revolução Verde diz respeito a uma profunda mudança na estrutura produtiva e nas relações de trabalho no campo, isto é, na agricultura, que se iniciou nos países mais desenvolvidos, após a Segunda Guerra Mundial (década de 50), e avança nos países subdesenvolvidos nos anos 1960.

Atentem-se que neste texto há um argumento que busca comparar o modelo promovido pela Revolução Verde com a agricultura que já existia no Brasil, impostos desde o período colonial, que tinham como semelhança:

  1. i) poucos proprietários com grandes extensões de terra (latifúndios);
  2. ii) produção monocultural;
  3. iii) produtos para a exportação;
  4. iv) imposição de um conhecimento exógeno como modelo de produção agrícola.

A diferença está na mão-de-obra, em que o atual modelo hegemônico conta com o emprego de grandes maquinários, uso de biotecnologia e pequena mão-de-obra qualificada, enquanto que anteriormente havia massas de trabalhadores – sejam escravizados ou imigrantes – com pouca instrução.

Contextualização teórica

No século XX, a partir de 1960, a Europa e os Estados Unidos realizaram um amplo empreendimento que visava aumentar a produção agrícola, por meio da mecanização, uso intensivo de insumos industriais (fertilizantes e pesticidas) e diminuição da mão-de-obra, que ficou conhecido como Revolução Verde. No Brasil, essa tendência chegou na década de 1990, estabelecendo recordes de produção e exportação de soja, algodão e milho. No entanto, os aparentes benefícios desse modelo são relativos, principalmente se olharmos de um ponto de vista da distribuição de renda e da sustentabilidade do meio-ambiente.

Este modelo, embora tenha produzido um aumento da produtividade, necessitou de um alto investimento – boa parte financiado pelo Estado – e está limitado a apenas alguns tipos de culturas, principalmente de grãos, como milho e soja. Portanto, é um modelo inviável para pequenos produtores. Um dos problemas principais dessa forma de produção é a suscetibilidade às pragas, por isso o modelo introduziu em larga escala o uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e dos agrotóxicos, veja abaixo como funciona.

No cultivo agrícola existe o desejo de eliminar as chamadas “ervas daninhas”, que nada mais são que plantas espontâneas que disputam espaço e nutrientes com o cultivo principal, sendo consideradas pragas. Assim, as sementes de interesse (por exemplo, o milho, soja, etc.) são modificadas em laboratório pelo processo de transgenia (origem do nome para os transgênicos, pois recebem genes de outra espécie) para se tornarem mais resistentes aos agrotóxicos, agente que causa a morte sistêmica e não seletiva de plantas. Desse modo, os agrotóxicos irão combater às pragas nas plantações, enquanto que as alterações genéticas permitem que as plantas de interesse tolerem os efeitos deletérios dessas substâncias.

O problema é que, segundo diversas pesquisas, os agrotóxicos trazem uma série de riscos, pois estão associados à queda da biodiversidade no meio ambiente e aumentam os riscos de câncer para os seres humanos, principalmente os trabalhadores que atuam aplicando essas substâncias na lavoura.

Relevância em sala de aula

As campanhas publicitárias com o bordão “Agro é Tech Agro é Pop” veiculadas em horário nobre invadiram as casas das famílias brasileiras e se contrapõem a outros discursos que criticam o modelo de produção do agronegócio e suas consequências sociais e ambientais. Os termos “transgênicos”, “orgânicos” e “agrotóxicos” também já fazem parte do cotidiano de grande parte dos brasileiros, indicando que aumentou o conhecimento geral sobre a agricultura no Brasil e que está em curso uma disputa de narrativas sobre a agricultura. Neste sentido, este plano de aula busca elucidar alguns desses conceitos, oferecer um contexto histórico e político e identificar as tensões e tendências relacionadas ao tema, dando ênfase à conservação ambiental, cuidado à saúde humana e sustentabilidade.

Preparando as aulas

Para a condução das aulas, os(as) professores(as) precisam estar atentos aos conceitos de monocultura, agrotóxicos, Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), transgênicos e suas dinâmicas com o meio ambiente e sociedade. É importante também saber localizar as mudanças a nível econômico e social que a Revolução Verde trouxe, em que o Brasil se posiciona como produtor agrícola para os países desenvolvidos e para não confundir os latifundiários com os pequenos produtores e comunidades tradicionais, que não foram beneficiados com estas mudanças. Nesse contexto, o(a) professor(a) deve ler o texto formativo Monocultura de saberes e a agricultura no Brasil.

(1) Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

(2) Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.

(EM13CNT104) Avaliar os benefícios e os riscos à saúde e ao ambiente, considerando a composição, a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais e produtos, como também o nível de exposição a eles, posicionando-se criticamente e propondo soluções individuais e/ou coletivas para seus usos e descartes responsáveis.

(EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeoquímicos e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e da interferência humana sobre esses ciclos, para promover ações individuais e/ ou coletivas que minimizem consequências nocivas à vida.

(EM13CNT206) Discutir a importância da preservação e conservação da biodiversidade, considerando parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ambientais para a garantia da sustentabilidade do planeta.

(EM13CNT208) Aplicar os princípios da evolução biológica para analisar a história humana, considerando sua origem, diversificação, dispersão pelo planeta e diferentes formas de interação com a natureza, valorizando e respeitando a diversidade étnica e cultural humana.

Introdução

Professor(a), inicie perguntando aos estudantes se conhecem o símbolo do transgênico e se sabem ou já ouviram falar sobre o que são transgênicos. Conceitue o que é transgenia, explicando a partir da etimologia do prefixo trans (do latim, significa “além de”, “para além de”) e do que são os OGMs. Pergunte se eles sabem se consomem alimentos transgênicos e se sabem a diferença com os alimentos “não transgênicos”? (12min)

Desenvolvimento

Diferencie os conceitos de OGMs, transgênicos e melhoramento genético. Explique a dinâmica das monoculturas com uso de grandes maquinários, transgênicos e agrotóxicos. (20min)

Encerramento

Enfim, explique como funciona o decreto 4.680 de 2003 [D4680 (planalto.gov.br)], que determina a presença deste símbolo nos alimentos que contenham pelo menos 1% de transgênicos em sua composição e quais os riscos para a saúde que a ciência aponta (10min).

Avaliação

Peça como atividade individual e doméstica que os estudantes listem nas dispensas de suas casas, com auxílio dos pais, todos os alimentos que contém o símbolo e determine a leitura do texto para estudante “O Agro é Pop ou é Flop?” de nossa plataforma, linkado ao fim deste material (3min).

Introdução

Realize uma conversa livre perguntando aos estudantes quais alimentos eles encontraram que tinham o símbolo “T”. Divida a turma em vários grupos e distribua os três temas listados abaixo.

Cada grupo de estudantes deverá reunir os principais riscos que estão associados ao uso dos agrotóxicos, sob diferentes pontos de vista: 1) trabalhadores do campo; 2) meio ambiente; 3) saúde humana. (10min)

Desenvolvimento

Peça aos alunos que discutam entre eles, elaborem uma lista de problemas sobre a produção agrícola no Brasil, finalizando com recomendações que deveriam ser enviadas para o Governo Federal tomar providências e que pudessem resolver essas questões levantadas. (10min discussão + 5min para escrita)

Encerramento

Peça que os alunos leiam em voz alta as listas e recomendações. Faça uma discussão geral, comparando se os grupos com os mesmos temas chegaram às mesmas conclusões. Aqui o(a) professor(a) tem a oportunidade de confirmar e corrigir os exercícios (18min).

Avaliação

Recolha e depois analise o material produzido pelos estudantes em horário fora de sala de aula.

Peça como atividade doméstica que os estudantes verifiquem se a água da cidade em que moram e as cidades de origem de seus familiares estão contaminadas por agrotóxicos, pelo portal Por trás do alimento (https://portrasdoalimento.info/agrotoxico-na-agua/). (2min)

Na plataforma Percursos Alternativos, texto formativo “Monocultura de saberes e a agricultura no Brasil” e para estudante “O Agro é Pop ou é Flop?

COLASSO, C.; AZEVEDO, F. A. Riscos da utilização de Armas Químicas. Parte I – Histórico. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, São Paulo, v. 4, n. 3, p. 137- 172, 2011.

CROSBY, A. W. Imperialismo ecológico. Editora Companhia das Letras, 2011.

JACKSON II, R. L.; HOGG, M. A. (Ed.). Encyclopedia of identity. Sage, 2010.

MATTEI, L. Considerações acerca de teses recentes sobre o mundo rural brasileiro. Revista de economia e sociologia rural, v. 52, p. 105-124, 2014.

NUNES, P. J. Estratégias de comercialização adotadas por famílias que praticam agrofloresta: um estudo de caso no assentamento Mário Lago, Ribeirão Preto/SP. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de São Carlos, Araras, 2017, 107f.

SANDES, A. S. et al. Contaminação do leite materno por agrotóxicos e implicações na saúde infantil: uma revisão sistematizada. Saúde e meio ambiente: revista interdisciplinar, v. 11, p. 43-58, 2022.

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Corpos Negros

Estereótipo

Na BNCC, dentre as competências gerais da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), destacamos aqui um trecho importante para iniciar o plano de aula:

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. (p. 10)

A partir do excerto, pode-se afirmar que o Ensino Médio também tem como objetivo o aprimoramento dos estudantes enquanto cidadãos, principalmente no que diz respeito a uma formação que cumpre com o desenvolvimento de uma autonomia intelectual e crítica, visando “(…) a construção de uma sociedade mais justa, ética, democrática, inclusiva, sustentável e solidária (…) (p. 464)”.

Nesse sentido, o presente texto formativo busca fundamentar de modo teórico e prático as discussões sobre preconceitos, estereótipos, práticas coercitivas e violência simbólica, a fim de conscientizar professores e educandos sobre a importância da construção de uma cultura de paz, empatia e respeito às diferenças e diversidades.

Estereótipos: por que essa palavra tão difícil?

Nos últimos anos, um conjunto de mudanças sociais impactaram o modo como vimos as identidades. A partir de uma abundância de denominações, bandeiras e movimentos, o direito à diferença se tornou mote para pensar uma sociedade mais justa e equânime.

Grande parte dessa diversidade étnica, cultural e racial é posicionada enquanto minoria política na sociedade, fato que indica que esse grupo experiencia uma subcidadania, pois não consegue acessar plenamente os direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988. Entretanto, existe uma agência política protagonizada por diferentes sujeitos oprimidos que vem impulsionando mudanças, sobretudo na análise e resolução de questões sobre violências físicas, simbólicas e crises humanitárias. Podemos citar como exemplo a reivindicação por representatividade de pessoas negras, mulheres e LGBTQIA+, tanto nas produções culturais (filmes, novelas, livros, jornais) quanto em posições de poder (cargos executivos, políticos, docência universitária).

Desse modo, o capítulo promove uma discussão sobre os fundamentos dos estereótipos e o funcionamento dos mesmos enquanto mecanismos de manutenção de atitudes preconceituosas, especialmente no espaço escolar. Essa aula também servirá como apoio para outras, independente da ordem sequencial escolhida, que trabalham com o tema do  preconceito e sobre como a definição biológica de “raça”, difundida enquanto uma verdade, tem contribuído para a manutenção do racismo na sociedade.

Contextualização teórica

Podemos afirmar que a preocupação com o respeito às diferenças étnicas, raciais e culturais só passou a ser alvo de preocupação das nações imperialistas após a Segunda Guerra Mundial, ou seja, depois de 1945. Até a ascensão do nazismo, a crença no universalismo, na tecnologia, no progresso e na razão – sintetizadas na ideologia do positivismo – eram inabaláveis. Concebido como uma encarnação dos valores da Revolução Francesa, o positivismo foi, então, um movimento filosófico imprescindível para o desenvolvimento do capitalismo e dos Estados-nações.

Ainda que os povos sob o jugo colonial estivessem sofrendo as consequências mais atrozes por estarem na periferia do capitalismo, foi somente com o nazismo  que os países imperialistas reavaliaram os impactos violentos da doutrina positivista porque ele se apropriou das teorias racialistas e promoveu uma ideologia de limpeza étnica, do progresso científico e da objetificação extrema da vida, colocando o Estado  acima de todos. Sendo assim, após a Segunda Guerra Mundial a questão da “raça” passou a ser tema de destaque para o recém criado órgão supranacional, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que inclusive encomendou um estudo sobre o tema no Brasil, a partir da “expertise” nacional, e o replicou como modelo no mundo – este assunto será abordado em outra aula.         

Avançando um pouco o argumento, destacamos que os estudos culturais britânicos, especialmente o crítico cultural e sociólogo de origem jamaicana, Stuart Hall, estavam atentos a essas mudanças. Hall, por exemplo, passou a investigar as articulações das clivagens da diferença que emergiram à época no debate, tais como raça, migração e gênero, e realizou pesquisas sobre comunicação em massa. Seu livro Cultura e Representação (2016) promove discussões contemporâneas sobre representação, linguagem e cultura (entendida como o conjunto de significados compartilhados), dando especial atenção aos efeitos e consequências da representação.

Agora, vamos analisar os problemas em torno da representação na seguinte propaganda de cerveja:

 

 

Figura 1: Propaganda Devassa. Fonte: Portal Geledés (2012)

O texto sugere vários sentidos para o corpo da mulher negra, associando-o ao produto cerveja. Segundo Amanda Braga (2017, p. 11-12), a imagem  atualiza a memória de uma escrava sexual. A verdadeira negra tem um corpo exposto, oferece-o aos olhos de quem a observa, traz uma boca entreaberta (como que pronta a entregar-se aos beijos de quem a deseja), porta uma roupa sedutora (que mostra mais do que esconde) e um olhar que revela uma suposta maldade da raça, como já cantava Bororó na década de 1930. E de outro modo não poderia ser: é pelo corpo que a reconhecemos, é por meio de suas curvas que podemos identificá-la, tal qual fazia o comprador de escravas (BRAGA, 2013).

Veja como em uma imagem é possível analisar elementos que comunicam diferentes sentidos ao público. Este é apenas um exemplo de como a representação, seja em texto, imagem, som ou outras formas, pode ser explorada em sala de aula para abordar a temática dos estereótipos.

 1Para uma leitura crítica e de viés pós-colonialista sobre o tema, veja o texto clássico do poeta martinicano Aimé Césaire chamado Discurso sobre o Colonialismo.

Relevância em sala de aula

O racismo e o sexismo estão presentes no cotidiano dos jovens, especialmente nos adolescentes, impactando as relações entre eles e as relações que os mesmos constroem sobre seus corpos e autoestima. Vale notar que o tema da aula também pode estar ligado às práticas de bullying presentes na escola. Portanto, é preciso estar atento (a) à reação dos alunos ao tema e observar de maneira sensível a participação deles na aula, de modo que sejam promovidas atitudes e valores necessários para a construção de uma educação em prol da cidadania e do respeito às diferenças.

Preparando as aulas

Para ministrar essa aula, é necessário que haja uma compreensão dos conceitos de representação, estereótipo, racismo e cultura, tal como está exposto no texto de formação Estereótipos dos corpos negros. Além disso, a aula exige sensibilidade do(a) docente, uma vez que poderá tratar de  traumas e experiências vexatórias pelos quais os estudantes passaram.

Sugere-se abordar o tema em três aulas. Os materiais e recursos necessários são computador, projetor, caixa de som, músicas e vídeos.

(2) Analisar  fenômenos  naturais  e  processos  tecnológicos,  com  base  nas  interações  e  relações  entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

(3) Investigar  situações-problema  e  avaliar  aplicações  do  conhecimento  científico  e  tecnológico  e  suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens  próprios  das  Ciências  da  Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

Habilidades

(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar.

(EM13CNT208) Aplicar os princípios da evolução biológica para analisar a história humana, considerando sua origem, diversificação, dispersão pelo planeta e diferentes formas de interação com a natureza, valorizando e respeitando a diversidade étnica e cultural humana.

(EM13CNT305) Investigar e discutir o uso indevido de conhecimentos das Ciências da Natureza na justificativa de processos de discriminação, segregação e privação de direitos individuais e coletivos, em diferentes contextos sociais e históricos, para promover a equidade e o respeito à diversidade.

Introdução

Para essa aula, duas possibilidades de início são oferecidas:

1) Apresente o poema Mulata exportação, de Elisa Lucinda, a partir da declamação feita pela poetisa,Mulata exportação – Elisa Lucinda – YouTube e/ou por alguém da sala; faça uma leitura compartilhada do texto explore, a partir de perguntas, as diferentes percepções dos alunos em relação ao texto.

2) Exiba o clipe musical do rapper Rashid “Estereótipo” e faça um levantamento sobre as diferentes percepções dos estudantes em relação ao vídeo.

Independente da escolha (1 ou 2), estimule os estudantes a fazer comentários sobre este início.

 

Desenvolvimento

Promova um debate com os alunos por meio das seguintes perguntas:

  • Quais trechos chamaram a atenção de vocês?
  • Quais seriam os sentidos dessa letra musical?
  • Vocês já passaram por situações semelhantes ou conhecem realidades parecidas?
  • Vocês possuem outros exemplos?

O professor/a professora anotará o maior número possível de comentários dos alunos, estando atento(a) àqueles que estão alinhados ao conceito corretamente e àqueles que são problemáticos e precisam ser questionados. Este material será utilizado na aula posterior.

Encerramento

Finalize definindo o conceito de “estereótipo” e faça descrições dos elementos básicos que o acompanham.

Introdução Retome a aula anterior relembrando o texto/o vídeo discutido, os pontos levantados no debate, a definição do conceito de “estereótipo” e faça uma introdução de como será a próxima aula. Desenvolvimento Observação: nem sempre os estereótipos estão relacionados a formas de opressão. Por exemplo, o estereótipo da “loira burra”, apesar de pejorativo, não tem um lastro de violência e exploração associados a isso. Por outro lado, o estereótipo do “japonês inteligente” embora seja visto como “positivo”, pode marcar negativamente a experiência desses jovens, implicando em expectativas exacerbadas sobre eles. Divida as salas em grupos de 3 a 5 pessoas. Exiba a propaganda da cerveja Devassa. Discuta sobre o que a imagem traz de significados e como eles dialogam com o conceito de estereótipo. O grupo precisa definir pelo menos três comentários sobre a imagem e depois apresentar em plenária (20min). Um dos representantes do grupo deve entregar ao professor/a professora, de modo escrito, os pontos que cada grupo destacou sobre a propaganda e apresentar em voz alta para a sala. Os grupos precisam estar atentos a cada apresentação para identificar os comentários que se assemelham e os que se diferenciam dos seus. (10min) Encerramento Ao final, o professor/a professora deverá questionar os comentários que não se relacionam com o conceito (com a devida atenção para evitar a reprodução de preconceitos) e ressaltar, brevemente, os principais comentários que ajudam a definir o conceito e os sentidos atribuídos à propaganda (15min).

Introdução

Tendo o professor/ a professora organizado o material recebido dos estudantes, nesse momento, por meio de uma aula expositiva, ele/ela deverá mobilizar os comentários acerca da propaganda e relacioná-los com os sentidos propostos pelo artigo “Entre Senhores, Sambas e Cervejas” de Amanda Braga (2017).

Desenvolvimento

Em seguida, pode ser discutida a existência de outros estereótipos, a diferença e a relação dos estereótipos com o bullying e, assim, ressaltar os conceitos de cultura e representação. Aqui, é importante assinalar que as “representações” são textos que, por sua vez, possuem significados compartilhados e que podem ser lidos criticamente após essa aula. É necessário discutir os impactos que o estereótipo tem no modo como as pessoas percebem a si mesmas.

Para fechar esse conjunto de aulas, após ter sido explicado os impactos produzidos pelos conceitos no comportamento dos sujeitos, torna-se necessário esclarecer que esse conhecimento aprendido pelos alunos vem sendo utilizado há muito tempo para fins políticos. Sendo assim, casos em que a produção de estereótipos tiveram relação direta com a história podem ser citados: i) o estereótipo do judeu “ganancioso” que foi colocado como responsável pela intensa crise econômica que a Alemanha vivenciou após a Primeira Guerra Mundial; ii) o estereótipo da mulher negra que foi utilizado para justificar a violência sexual contra mulheres afrodescendentes, antes e depois da escravidão; iii) as imagens do homem negro como violento, insaciável e estuprador para justificar a segregação e os linchamentos nos EUA; iv) as imagens dos jovens negros das periferias do Brasil, muitas vezes chamados de “menor”, cuja representação supõe envolvimento com o crime para servir de álibi à truculência policial e às falsas acusações sobre delitos cometidos.

Encerramento

Vale ressaltar que a principal estratégia para desconstruir os estereótipos está no reconhecimento da individualidade das pessoas, no entendimento de que as características tidas como “coletivas” não definem comportamentos subjetivos e, por fim, na compreensão sobre como os estereótipos foram utilizados com propósitos de submissão de determinados grupos.

Professor(a), para a complementação do processo de ensino-aprendizagem, você pode indicar a leitura do seguinte texto a seus estudantes:

Os estereótipos dos corpos negros

BRAGA, Amanda. Entre Senhores, Sambas e Cervejas: a construção discursiva da mulata fácil no Brasil. Revista Brasileira de Estudos da Presença, vol. 7, núm. 2, pp. 333-358, 2017

HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: PUC-Rio; Apicuri, 2016.

FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

JARDIM, Suzane. Reconhecendo estereótipos racistas na mídia norte-americana. Médium. 2016. Disponível em: https://medium.com/@suzanejardim/alguns-estere%C3%B3tipos-racistas-internacionais-c7c7bfe3dbf6. Acessado em 18 de setembro de 2022.

Imagens:

Figura 1 e 2: ‘É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra’ – Devassa Negra deve alterar conteúdo “racista e sexista” de propaganda (geledes.org.br)

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Astronomia

Objetivos

Este plano de aula visa tratar do tema da Astronomia a partir de diversas disciplinas que podem colaborar, de modo dialógico, com o desenvolvimento das habilidades e competências acima listadas. 

Descrição Geral

Buscando a circularidade da poesia, o plano de aula inicia-se com um poema de Olavo Bilac e termina com a criação de Slams. No texto há:

1) o tratamento histórico sobre a relação entre astronomia e astrologia;

2) a definição do conceito de astronomia e a associação com o poema, de modo que as possibilidades de “ouvir estrelas” sejam compreendidas como os modernos telescópios;

3) a descrição do Telescópio SKA que trata de conhecimentos ligados à Geografia, Matemática e, obviamente, à Astronomia;

4) a presença do folheto em Inglês que nos coloca em contato direto e objetivo com uma língua estrangeira e suas possibilidades de compreensão e leitura;

5) a história da construção do telescópio, que remete a questões ligadas às relações internacionais. 

A proposta de fechamento é a escrita de um Slam e/ou a organização de uma batalha de rimas na qual os temas relacionados à Astronomia possam dialogar com os temas sociais mais próximos dos nossos estudantes.  As possibilidades de ramificação do trabalho surgirão a partir do processo de ensino e aprendizagem construído coletivamente por professores de diferentes disciplinas, a depender da profundidade e detalhamento que se desejar e/ou se puder chegar em cada um dos temas, lembrando que esse é justamente o desafio das abordagens intra/inter/transdisciplinares conforme proposto pela BNCC.

Poemas, saraus, batalhas: Slam, a poesia falada!

A atividade dos alunos será iniciada com a leitura do soneto Ora direis ouvir estrelas, de Olavo Bilac. No entanto, sabemos que, modernamente, nossos estudantes têm se envolvido e conhecido o chamado Slam. Vamos compreender melhor essa forma poética antes de lidar com o poema parnasiano?  

Slam é uma mistura de jogo, poesia, crítica social e intervenção urbana, na qual os poetas se reúnem em espaços públicos para declamar seus trabalhos. Aqui, já podemos pensar em como o espaço escolar pode ser palco dessas construções poéticas bem como de suas apresentações. Esses momentos de declamação são chamados de batalha de poesia e rimas,  existem desde os anos 1980 e tem crescido cada vez mais no mundo e no Brasil, sobretudo no século XXI. Considerado por muitos um esporte, o Slam tem batalhas nacionais e uma Copa do Mundo em que finalistas de diversos países se encontram para escolherem qual a melhor poesia. Na última década, o Brasil tem apresentado suas manifestações, sobretudo entre os jovens periféricos, trazendo consigo um forte teor autoafirmativo, identitário e de ocupação de espaços públicos.

Cada poeta, ou Slammer, tem três minutos para se apresentar e, no máximo, dez segundos extras de tolerância. Não é permitido o uso de objetos cênicos ou música. Só voz, microfone e performance. Os jurados, escolhidos aleatoriamente na plateia, dão notas de 0 a 10. A cada rodada são classificados os poetas com maior nota, até um deles tornar-se campeão. Das batalhas regionais saem competidores para os campeonatos estaduais, nacionais e mundiais. O finalista representa o Brasil na Copa do Mundo de Slam, disputada em Paris, na França.

O Slam surgiu em 1984, em Chicago, estado de Illinois, Estados Unidos. Em um bar de jazz, onde costumavam ocorrer declamações e saraus de poesia, o trabalhador da construção civil e também poeta, Mark Smith, teve a ideia de fazer uma “batalha de poesias”. Junto com seu grupo Chicago Poetry Ensemblange, ele criou o Show-Cabaré-Político-Vaudevilliano.

Smith inicialmente queria ironizar a declamação academicista, elitista e formal. A batalha tinha a intenção de popularizar a poesia e realizar performances poéticas que fossem mais concretas e menos abstratas, diferentes daquelas dos saraus que atraíam mais os jovens de classe média. Dessa maneira, o Slam acabou unindo a forma poética e as reuniões ocorridas para a realização dos saraus e, ao mesmo tempo, um público e uma plateia participativa, que torcia e se envolvia na poesia e na letra, e não apenas contemplava o poeta e sua obra.

O Slam é um texto literário e por isso pode ser trabalhado como gênero textual. Nesse sentido, a primeira proposta é conhecer este objeto, assistindo e refletindo sobre as características das poesias e dos eventos relacionados. É interessante que o(a)  professor(a) faça uma breve pesquisa sobre os Slams de sua região. Por se tratar de uma linguagem oral e coloquial, são comuns as temáticas sexuais e palavrões. Portanto, é preciso avaliar a faixa etária dos alunos para selecionar o que apresentar.

A apreciação do Slam já é em si uma atividade prática. Contudo, ainda é possível organizar um festival de poesia ou a própria pesquisa sobre os Slams da região junto com os estudantes. Professor(a), leia a reportagem “‘Slam’ é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos”, sobre Slam no jornal da USP, disponível no link: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/.

Relevância em sala de aula

Aproximar temáticas relevantes, inicialmente distantes ou não percebidas como próximas, de nossos alunos é um desafio constante. Aqui, conhecimentos relacionados com a Astronomia são o eixo para a discussão de diversos outros tópicos atuais e presentes, direta ou indiretamente, no cotidiano de nossos alunos. Trata-se da “leitura do céu”, quer seja de maneira simbólica, por meio da poesia, quer seja de maneira operacional através do uso do Google Maps e telescópios.

Preparando as aulas

Para conduzir as aulas seguintes, é importante que o(a) professor(a) tenha compreendido o que é o Slam e se familiarize com seu formato, e que saiba aspectos básicos da Astronomia. Para as aulas a seguir, o(a) docente precisará de computador e projetor para apresentar músicas e vídeos.

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Competências Específicas: Ciências da Natureza e suas tecnologias

(3) Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

Competências Específicas: Linguagens e suas tecnologias

(1) Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.

Habilidades

(EM13CNT305) Investigar e discutir o uso indevido de conhecimentos das Ciências da Natureza na justificativa de processos de discriminação, segregação e privação de direitos individuais e coletivos, em diferentes contextos sociais e históricos, para promover a equidade e o respeito à diversidade; 

(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade;

(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais);

(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.

Introdução

– Questione os alunos se eles sabem o que é Slam, se já viram alguma batalha de poesia ou se conhecem algum Slammer;

Desenvolvimento

– Apresente vídeos, pesquisados por você ou sugerido pelos estudantes, que tragam batalhas de poesia;

– Releia o poema de Olavo Bilac sobre Astronomia que está na abertura do texto do aluno e discuta com eles quais as diferenças e semelhanças entre o poema e os slams;

– Sintetize as principais características do Slam;

Encerramento

– Informe os estudantes que, no final desse bloco de aulas, eles produzirão Slams como forma de fechamento e sistematização das discussões, tendo como foco a Astronomia e o “ouvir estrelas” do poema de Bilac.

Introdução

– Questione os alunos a respeito da diferença entre Astronomia e Astrologia; Anote as diferenças trazidas por eles;

Desenvolvimento

– Apresente as definições de cada termo e reforce as diferenças trazidas pelos alunos;

– Peça que eles pesquisem astrônomos na História, trazendo informações como nomes, principais feitos e características em vida, descobertas científicas. Alguns pontos que provavelmente surgirão serão: nomes da Europa e da América do Norte e astrônomos que inicialmente trabalharam como “astrólogos”. É importante que, a partir da pesquisa dos estudantes, o(a) professor(a) faça a diferenciação entre Astronomia e Astrologia (que se dedica a adivinhações e previsões simplórias e individuais) diversas vezes;

– Destaque, na apresentação, os conhecimentos que já foram desenvolvidos e aplicados na África (por exemplo, na construção das pirâmides). Esse ponto poderá ser retomado na atividade “Os pretos estão tão no topo, que pra abater só o caça da Força Aérea: astronomia negro-africana”; 

Encerramento

– Encerre a aula com a apresentação de um Slam escolhido por você ou pelos alunos e lembre os estudantes que a proposta final das aulas será a escrita de um slam.

Introdução

– Em conjunto com o(a) professor(a) de Inglês, apresente as estratégias de leitura do folheto sobre o SKA: levantamento e reconhecimento de cognatos; o conhecimento prévio do assunto (já sabemos que aquilo é um folheto a respeito de um telescópio); Skimming; Scanning;

Desenvolvimento

– Peça aos alunos que escrevam todas as informações que puderem obter do telescópio SKA, a partir do folheto, e que as troquem entre si. Anote-as no quadro para compartilhar e discutir;

Destaque o quanto os alunos conseguiram ler do folheto;

Encerramento

– Como nas demais aulas, encerre apresentando um Slam escolhido por você ou pelos alunos e lembre os estudantes que a proposta final das aulas será a escrita de um slam; Encoraje-os a trazer sugestões de novos Slams, Slammers e batalhas de poesias para que possam assistir juntos.

Introdução

– Em conjunto com o(a) professor(a) de Matemática, calcule e faça comparações das medidas do Telescópio SKA com medidas presentes na escola ou bem próximas dos alunos. Observe um trecho do texto em Português: “Serão 3 mil antenas de 15 metros de diâmetro dispostas lado a lado, dentro de uma área de 1 milhão de metros quadrados. Todas voltadas para o céu. Com isso, o SKA conseguirá detectar os sinais de um radar de aeroporto em um planeta a 50 anos-luz daqui.” ;

Desenvolvimento

– Calcule o diâmetro das antenas. Com o que se compara seu tamanho?

– Calcule a área necessária para se ter 3 mil antenas desse tamanho. Com o que se compara esse tamanho?

– O que significa a medida “anos – luz”? Calcule essa distância e também tente comparar com elementos minimamente conhecidos dos estudantes;

– Para cada uma dessas comparações, é importante que os alunos pesquisem medidas reais. Por exemplo, se for comparar com campos de futebol, qual a medida real desse espaço? Esse exemplo pode ser uma boa medida de comparação? Discuta e construa tabelas com eles sobre isso. A idéia é que consigam minimamente ter uma visão do tamanho e complexidade do Telescópio;

Encerramento

– Como nas demais aulas, encerre apresentando um Slam escolhido por você ou pelos alunos e lembre os estudantes que a proposta final das aulas será a escrita de um slam. Encoraje-os a trazer sugestões de novos Slams, Slammers e batalhas de poesias para que possam assistir juntos. É importante fazer um levantamento com os alunos sobre os temas discutidos até aqui e lembrá-los também de uma característica muito presente nos Slams: o debate sobre temas sociais

Introdução e Desenvolvimento

– Em conjunto com o(a) professor(a) de História, Geografia e Sociologia ou com a ajuda deles, discuta os aspectos relacionados aos países envolvidos na construção do SKA: liste os países; veja a possibilidade dos alunos pesquisarem informações sobre eles; faça perguntas como “Por que alguns continentes não estão participando dessa empreitada científica?”;

Encerramento

– Como nas demais aulas, encerre com a apresentação de um novo Slam escolhido por você ou pelos alunos, lembrando que há uma proposta de escrever um Slam para o fechamento desse bloco de aulas;

– Encoraje os alunos a trazer sugestões de novos Slams, Slammers e batalhas de poesias para que possam assistir juntos;

– É importante levantar os temas discutidos até aqui, de modo a auxiliar na escrita do Slam e enfatizar uma característica marcante do Slam que é a discussão de temas sociais. Nessa aula, o(a) professor(a) poderá trazer elementos que ampliem a ideia do social para além das fronteiras do nosso próprio pais.

Introdução

– Retome o desafio da escrita do Slam e da apresentação em formato de batalha ou por escrito, relacionando de alguma maneira os temas habituais do Slam, os pontos do texto sobre Astronomia e o Telescópio SKA;

Desenvolvimento

– Veja a possibilidade da organização de uma batalha com toda a escola participando, no mínimo como plateia ou jurados;

– A depender do desenvolvimento e envolvimento dos estudantes, as aulas seguintes poderão ser utilizadas para a escrita do Slam ou já para a apresentação;

– Na apresentação em sala, destaque os pontos nos quais o texto se aproxima do Slam, deixando que os próprios alunos possam dar suas contribuições. Pense na possibilidade da apresentação ser parecida com uma batalha de poesia; 

– Destaque os pontos relacionados à Astronomia e as temáticas sociais que os alunos trouxeram;

– Liste e converse com os alunos a respeito dos aspectos sociais trazidos pelos Slams e os pontos de ligação com a Astronomia; 

– Selecione pelo menos um ponto sobre a temática social e pelo menos um ponto sobre Astronomia para serem aprofundados com os alunos nas próximas aulas por meio de pesquisas e leituras;

Encerramento

– Finalize a sequência ressaltando que há diversos gêneros de textos, como os poemas e os Slams, e que todos podem estar dentro da escola;

– Registre e analise posteriormente com os demais professores as impressões dos alunos sobre o trabalho com o Slam e a Astronomia;

– Através dos Slams compostos, verifique os conhecimentos que foram mobilizados.

 

D´ALVA, Roberta Estrela. Um microfone na mão e uma ideia na cabeça – o poetry slam entra em cena. Revista Synergies Brésil. Nº 09, 2011. pp. 119-126.

SOUSA, Marielly Zambianco Soares. Das artes às tarefas de Clio: uma reflexão sobre o movimento Slam. In: Anais do XIV Encontro de História da Anpuh – MS. Mato Grosso do Sul, 2018.

BASÍLIO, Andressa. Slam: um manifesto poético liderado pelas juventudes das periferias. Um manifesto poético liderado pelas juventudes das periferias. 2019. Disponível em: um manifesto poético liderado pelas juventudes das periferias. Acesso em: 15 out. 2022.

CONHECIMENTO, Baia do. Como criar uma poesia slam? 2021. Disponível em: Como criar uma poesia slam? Acesso em: 15 out. 2022.

MORAES, Mayra Mattar. Plano de aula: Slam, poesia falada. 2019. Disponível em: https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/plano-de-aula-slam-poesia-falada/. Acesso em: 15 out. 2022.

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Racismo Ambiental https://percursosalternativos.com.br/racismo-ambiental/ https://percursosalternativos.com.br/racismo-ambiental/#respond Tue, 04 Feb 2025 14:09:09 +0000 https://percursosalternativos.com.br/?p=178

Racismo Ambiental

Racismo e justiça ambiental: o que são e o que podemos fazer?

Nos últimos tempos, temos assistido aos desdobramentos de uma crise ambiental que se encontra em seu auge. São questões como os aumentos das queimadas, do garimpo ilegal e do ponto de não retorno da Floresta Amazônica, assuntos estampados nas manchetes de jornais nacionais e internacionais. Quando falamos de tal crise, é importante compreendermos o contexto de sua produção e suas consequências para os ecossistemas e para as populações humanas. Por isso, nesse capítulo serão discutidos como a crise do meio ambiente tem afetado de forma desigual diferentes grupos sociais e como os mesmos vêm denunciando e reivindicando políticas públicas que objetivam a justiça ambiental. Sugerimos que o conteúdo seja desenvolvido em duas aulas.

Contextualização teórica

A intervenção antrópica no meio ambiente se intensificou de forma profunda após a Revolução Industrial. Desde então, atividades de grande impacto, como o desmatamento e a emissão de gases do efeito estufa, aumentaram de forma exponencial. No entanto, assim como o desenvolvimento industrial, os impactos gerados pela devastação do meio ambiente não são os mesmos pelo mundo afora. A constatação dessa desigualdade nos leva ao conceito de injustiça ambiental, que nomeia o processo através do qual a maior parte dos danos ambientais resultantes do desenvolvimento econômico afeta grupos sociais de trabalhadores, populações de baixa renda, grupos raciais discriminados, populações mais vulneráveis e marginalizadas. Em resposta aos problemas dessa forma de injustiça, movimentos sociais passaram a reivindicar a necessidade de justiça ambiental. Essa noção supõe que nenhum grupo de pessoas deve suportar de forma desproporcional as consequências ambientais negativas de operações industriais e comerciais, de políticas institucionais, bem como as consequências da ausência dessas políticas.

Historicamente, o movimento de justiça ambiental nasceu nos Estados Unidos da América a partir da mobilização de pessoas pobres e negras que estavam mais expostas a riscos ambientais por morarem nas vizinhanças de depósitos de lixos químicos, radioativos e de indústrias poluentes. Junto aos movimentos sociais surgiu, também, a área acadêmica da Justiça Ambiental.

Professor(a), leia a seguinte reportagem do portal Alma Preta: https://almapreta.com/sessao/cotidiano/bahia-terreiro-denuncia-racismo-ambiental-em-lauro-de-freitas.

Perceba que, nesse caso, a injustiça ambiental atinge um grupo racial específico: uma comunidade negra religiosa. Nesse contexto, ocorre o que chamamos de racismo ambiental, ou seja, há injustiças que afetam desproporcionalmente grupos raciais historicamente subalternizados. Note como essa comunidade negra está sendo prejudicada: uma grande quantidade de lixo, que não é produzida pelo grupo, é despejada em seu território, causando poluição visual e olfativa, gerando proliferação de doenças e dificultando a circulação de pessoas.

 
 
 

Figura 1: Marcha pelo clima na cidade de Takoma, EUA, em 2017. O cartaz da jovem diz “Justiça ambiental para todos”

 

Relevância em sala de aula

Problemas como acúmulo de lixo, falta de água, ambientes sanitariamente vulneráveis são comuns nas periferias das grandes cidades, isto é, a injustiça e o racismo ambiental estão presentes no dia a dia dos jovens. Desse modo, é importante que os alunos compreendam esse fenômeno a partir de uma análise crítica que os torne capazes de reivindicar e tomar atitudes social e politicamente éticas em relação ao meio ambiente.

Objetivos

Ao final das aulas, os alunos devem ser capazes de compreender os conceitos de injustiça ambiental, racismo ambiental e justiça ambiental, bem como conseguir identificar casos cotidianos em que estas temáticas aparecem.

Preparando as aulas

Professor(a), para conduzir as aulas seguintes, é fundamental que você tenha compreendido os conceitos de injustiça e justiça ambiental, bem como de racismo ambiental. Além disso, é importante que você se familiarize com exemplos desses processos que estão presentes no cotidiano dos estudantes. A seguir, há uma sugestão de abordagens para a condução do tema em duas aulas, sendo necessário ter computador e projetor para apresentar músicas e vídeos.

(3) Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

(1) Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.

Habilidades

(EM13CNT305) Investigar e discutir o uso indevido de conhecimentos das Ciências da Natureza na justificativa de processos de discriminação, segregação e privação de direitos individuais e coletivos, em diferentes contextos sociais e históricos, para promover a equidade e o respeito à diversidade; 

(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade;

(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais);

(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.

Introdução

Professor(a), inicie a aula utilizando a música Chuva Ácida, do rapper Criolo

Destaque, juntamente com os estudantes, o tema principal do texto e questione a opinião deles em relação aos sentidos da letra.

Desenvolvimento

Pergunte aos alunos se eles vivem problemas como os mencionados na canção. Cite exemplos comuns nas periferias brasileiras, tais como falta de água ou fornecimento de água suja, ausência de saneamento básico, acúmulo de lixo, rios e córregos poluídos. Faça um debate com os estudantes para compreender se esses problemas são comuns a todas as pessoas e, ao partir do mesmo, introduza as noções de injustiça e justiça ambiental.

Encerramento

Peça aos estudantes que tragam na aula posterior um levantamento dos principais problemas ambientais que o bairro deles enfrenta. Oriente-os a perguntar às pessoas e a observar problemas ambientais na vizinhança. Finalize com a música Nos barracos da cidade, de Gilberto Gil, e destaque como as injustiças ambientais estão incluídas em um contexto maior de desigualdade a que as periferias do país estão sujeitas.

Introdução

Inicie pedindo um retorno dos estudantes quanto ao levantamento que fizeram sobre seus bairros. Debata com eles sobre os problemas mais comuns.

Desenvolvimento

Exiba o vídeo Racismo ambiental por Eliete Paraguassu, marisqueira e quilombola da Ilha de Maré – Salvador/BA.

A partir da fala de Eliete, destaque, junto aos estudantes, que a marisqueira retrata um tipo de injustiça ambiental que atinge um grupo específico: as pessoas negras da Ilha de Maré. Introduza a noção de racismo ambiental. Enfatize que as injustiças ambientais que afetam as periferias brasileiras podem ser consideradas racismo ambiental, uma vez que essas áreas são, majoritariamente, povoadas por pessoas negras.

Encerramento

Apresente o vídeo Você sabe o que é racismo ambiental? do Canal Preto

Destaque que o racismo ambiental também atinge as populações indígenas brasileiras. Como exemplo, você pode utilizar a contaminação por mercúrio dos indígenas yanomami.

Finalize ressaltando como é importante compreender os processos de injustiça ambiental para reivindicar e tomar atitudes responsáveis que podem mudar as comunidades onde os alunos vivem.

 

BELMONT, Mariana. O racismo ambiental chegou com as caravelas dos colonizadores europeus. 2022. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/mariana-belmont/2022/09/09/o-racismo-ambiental-chegou-com-as-caravelas-dos-colonizadores-europeus.htm. Acessado em 13 de setembro de 2022.

RODRIGUES, Paula. Movimento negro e indígena pede justiça climática. Você sabe o que é isso? 2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/11/09/movimento-negro-e-indigena-pede-justica-climatica-voce-sabe-o-que-e-isso.htm. Acessado em 13 de setembro de 2022.

ROSÁRIO, Fernanda. O que é racismo ambiental e como contribui para a retirada de direitos no Brasil. 2021. Disponível em: https://almapreta.com/sessao/cotidiano/o-que-e-racismo-ambiental-e-como-contribui-para-a-retirada-de-direitos-no-brasil . Acessado em 13 de setembro de 2022.

SOUZA, Arivaldo Santos de. Direito e racismo ambiental na diáspora africana: promoção da justiça ambiental através do direito. Salvador: Edufba, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35662. Acessado em 13 de setembro de 2022.

CRIOLO. Chuva Ácida. São Paulo: Oloko Records, 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=F_baCPBeWNk. Acessado em 04 de novembro de 2022.

GIL, Gilberto. Nos barracos da cidade. Rio de Janeiro: Warner Music Brasil, 1985. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IW4pAwf1cDo. Acessado em 04 de novembro de 2022.

HERCULANO, Selene. “O clamor por justiça ambiental e contra o racismo ambiental”. Interfacehs: Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 1-20, jan. 2008. Disponível em: http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2013/07/art-2-2008-6.pdf. Acessado em 13 de setembro de 2022.

LOBO, Flavio. Desequilíbrio da Amazônia se aproxima do ponto de não retorno. 2022. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/noticias/noticias/304-desequilibrio-da-amazonia-se-aproxima-do-ponto-de-nao-retorno. Acessado em 04 de novembro de 2022.

“RACISMO ambiental por Eliete Paraguassu, marisqueira e quilombola da Ilha de Maré – Salvador/BA”. S.I.: Cumulus Tv, 2020. (7 min.), son., color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EFqY8a4l5qc . Acessado em 04 de novembro de 2022.

RAMALHO, Yara; OLIVEIRA, Valéria; MARQUES, Marcelo; ABREU, Luciano. Rios na Terra Yanomami têm 8600% de contaminação por mercúrio, revela laudo da PF. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2022/06/06/rios-na-terra-yanomami-tem-8600percent-de-contaminacao-por-mercurio-revela-laudo-da-pf.ghtml. Acessado em 22 de setembro de 2022.

ROSÁRIO, Fernanda. Bahia: terreiro denuncia racismo ambiental em Lauro de Freitas. 2022. Disponível em: https://almapreta.com/sessao/cotidiano/bahia-terreiro-denuncia-racismo-ambiental-em-lauro-de-freitas. Acessado em 13 de setembro de 2022.

ROSÁRIO, Fernanda. Bahia: terreiro denuncia racismo ambiental em Lauro de Freitas. 2022. Disponível em: https://almapreta.com/sessao/cotidiano/bahia-terreiro-denuncia-racismo-ambiental-em-lauro-de-freitas . Acessado em 04 de novembro de 2022.

SOUZA, Arivaldo Santos de. Direito e racismo ambiental na diáspora africana: promoção da justiça ambiental através do direito. Salvador: Edufba, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35662. Acessado em 13 de setembro de 2022.

Você sabe o que é RACISMO AMBIENTAL? – Canal Preto. S.I.: Canal Preto, 2020. (8 min.), son., color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hTRuVRXLwz0  Acessado em 04 de novembro de 2022.

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