Racismo e justiça ambiental: o que são e o que podemos fazer?
Nos últimos tempos, temos assistido aos desdobramentos de uma crise ambiental que se encontra em seu auge. São questões como os aumentos das queimadas, do garimpo ilegal e do ponto de não retorno da Floresta Amazônica, assuntos estampados nas manchetes de jornais nacionais e internacionais. Quando falamos de tal crise, é importante compreendermos o contexto de sua produção e suas consequências para os ecossistemas e para as populações humanas. Por isso, nesse capítulo serão discutidos como a crise do meio ambiente tem afetado de forma desigual diferentes grupos sociais e como os mesmos vêm denunciando e reivindicando políticas públicas que objetivam a justiça ambiental. Sugerimos que o conteúdo seja desenvolvido em duas aulas.
Contextualização teórica
A intervenção antrópica no meio ambiente se intensificou de forma profunda após a Revolução Industrial. Desde então, atividades de grande impacto, como o desmatamento e a emissão de gases do efeito estufa, aumentaram de forma exponencial. No entanto, assim como o desenvolvimento industrial, os impactos gerados pela devastação do meio ambiente não são os mesmos pelo mundo afora. A constatação dessa desigualdade nos leva ao conceito de injustiça ambiental, que nomeia o processo através do qual a maior parte dos danos ambientais resultantes do desenvolvimento econômico afeta grupos sociais de trabalhadores, populações de baixa renda, grupos raciais discriminados, populações mais vulneráveis e marginalizadas. Em resposta aos problemas dessa forma de injustiça, movimentos sociais passaram a reivindicar a necessidade de justiça ambiental. Essa noção supõe que nenhum grupo de pessoas deve suportar de forma desproporcional as consequências ambientais negativas de operações industriais e comerciais, de políticas institucionais, bem como as consequências da ausência dessas políticas.
Historicamente, o movimento de justiça ambiental nasceu nos Estados Unidos da América a partir da mobilização de pessoas pobres e negras que estavam mais expostas a riscos ambientais por morarem nas vizinhanças de depósitos de lixos químicos, radioativos e de indústrias poluentes. Junto aos movimentos sociais surgiu, também, a área acadêmica da Justiça Ambiental.
Professor(a), leia a seguinte reportagem do portal Alma Preta: https://almapreta.com/sessao/cotidiano/bahia-terreiro-denuncia-racismo-ambiental-em-lauro-de-freitas.
Perceba que, nesse caso, a injustiça ambiental atinge um grupo racial específico: uma comunidade negra religiosa. Nesse contexto, ocorre o que chamamos de racismo ambiental, ou seja, há injustiças que afetam desproporcionalmente grupos raciais historicamente subalternizados. Note como essa comunidade negra está sendo prejudicada: uma grande quantidade de lixo, que não é produzida pelo grupo, é despejada em seu território, causando poluição visual e olfativa, gerando proliferação de doenças e dificultando a circulação de pessoas.
Figura 1: Marcha pelo clima na cidade de Takoma, EUA, em 2017. O cartaz da jovem diz “Justiça ambiental para todos”
Relevância em sala de aula
Problemas como acúmulo de lixo, falta de água, ambientes sanitariamente vulneráveis são comuns nas periferias das grandes cidades, isto é, a injustiça e o racismo ambiental estão presentes no dia a dia dos jovens. Desse modo, é importante que os alunos compreendam esse fenômeno a partir de uma análise crítica que os torne capazes de reivindicar e tomar atitudes social e politicamente éticas em relação ao meio ambiente.
Objetivos
Ao final das aulas, os alunos devem ser capazes de compreender os conceitos de injustiça ambiental, racismo ambiental e justiça ambiental, bem como conseguir identificar casos cotidianos em que estas temáticas aparecem.
Preparando as aulas
Professor(a), para conduzir as aulas seguintes, é fundamental que você tenha compreendido os conceitos de injustiça e justiça ambiental, bem como de racismo ambiental. Além disso, é importante que você se familiarize com exemplos desses processos que estão presentes no cotidiano dos estudantes. A seguir, há uma sugestão de abordagens para a condução do tema em duas aulas, sendo necessário ter computador e projetor para apresentar músicas e vídeos.