🎧 A Revolução Tem Nome e Sobrenome: Tasha e Tracie

Quando pensamos no rap nacional, é comum lembrarmos de nomes como Racionais MC’s, Djonga, Emicida, Sabotage e MV Bill. Mas é preciso romper com a ideia de que esse gênero é feito só por homens. Cada vez mais, mulheres estão deixando sua marca na cena — e entre elas, duas se destacam de forma incontestável: as gêmeas Tasha e Tracie Okerere.

Elas não são apenas artistas. São um movimento. São criadoras, empreendedoras, produtoras e vozes potentes da cultura negra e periférica. Em seus versos, discursos e projetos, misturam estilo, empoderamento, inteligência e deboche, abrindo espaço para que outras mulheres possam fazer o mesmo.

Tasha e Tracie com estilo urbano e atitude

🧵 Expensive $hit: Da Moda à Voz Global

Muito antes de subirem no palco, as irmãs já brilhavam nas ruas e nas redes. Começaram como vendedoras ambulantes e criaram o Expensive $hit, um blog inspirado no álbum de Fela Kuti, onde ensinavam como transformar roupas com pouco dinheiro.

Em pouco tempo, o projeto ganhou o mundo. Em 2015, foram as únicas brasileiras a aparecer no portal americano Afropunk. A partir daí, passaram a trabalhar com moda, dar palestras, produzir eventos e prestar consultorias para marcas como Nike, Adidas e MAC.

Termo-chave:

Afropunk é um movimento global que celebra a cultura negra alternativa, misturando música, arte, resistência e estilo.

🏙️ Do Peri para o Mundo: Cultura e Resistência

Criadas no bairro do Peri, na zona norte de São Paulo, as gêmeas sempre se incomodaram com o fato de que o acesso à cultura negra parecia centralizado no centro da cidade. Por isso, criaram ações e eventos culturais na própria quebrada.

O projeto MPIF – Mulheres Pretas Independentes de Favela é uma dessas iniciativas. A ideia era fomentar autonomia, autoestima e intelectualidade para outras mulheres pretas. Além de eventos, rolaram ações sociais com arrecadação de doações e divulgação de novos talentos da periferia.

Criado por Tasha e Tracie, o MPIF é uma plataforma de ações culturais, políticas e sociais que busca fortalecer o protagonismo de mulheres negras das favelas. Envolve oficinas, lives, eventos e intervenções urbanas.

Além da música, as irmãs atuam como DJs, designers, diretoras criativas, modelos, consultoras e ativistas. Já participaram de campanhas para grandes marcas e também integram o coletivo da gravadora CEIA.

💽 Diretoria: O Álbum que é um Manifesto

Lançado em 2021, o álbum Diretoria é uma verdadeira explosão sonora. Mistura rap, trap, funk e afrobeat em faixas que falam de amizade, beleza, dinheiro, crítica social, sexualidade e liberdade.

As músicas são autobiográficas, mas com tom universal. As rimas trazem suas vivências na favela, os corres da juventude, as influências da cultura negra global e o orgulho de ser quem se é — tudo com batidas pesadas e versos afiados.

"Diretoria não é só um álbum, é a assinatura de quem já dirige a própria narrativa há muito tempo." — Revista Elle Brasil
Você sabia?

A música “Tang” traz uma referência a uma equação da física — uma das irmãs já contou em entrevista que a letra foi inspirada em uma fórmula de movimento uniforme. É ciência no flow!

🕰️ Linha do Tempo: Os Passos Das Gêmeas

2014

Criam o blog Expensive $hit e começam a vender roupas customizadas.

2015

São destaque no Afropunk como ícones de estilo e resistência.

2017

Fundam o MPIF e começam a organizar eventos culturais no Peri.

2020

Participam de campanhas publicitárias e ativam ações durante a pandemia.

2021

Lançam o álbum “Diretoria” com a gravadora CEIA.

🌟 Reflexões Finais

Tasha e Tracie não são apenas gêmeas que rimam bem. São símbolos de potência criativa negra, capazes de transitar entre moda, música, ativismo e educação popular. Representam uma juventude periférica que não espera ser chamada: toma o microfone e cria seu próprio palco.

Sua presença no rap é urgente e necessária, pois amplia os espaços e mostra que a cultura de favela é múltipla, sofisticada, inteligente e global. Ensinar sobre elas é ensinar sobre identidade, resistência e futuro.

Pense sobre isso:

Quantas artistas negras você conhece que estão transformando a cultura hoje? Que espaços estamos dando para que essas vozes ocupem o centro da narrativa?

               Novos caminhos para o aprendizado

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