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Recursos Naturais
Recursos Naturais

Existe alguma relação entre ancestralidade e recursos naturais/ meio ambiente?
Podemos observar a imagem acima e seu significado. Este símbolo é um adinkra, ideograma africano, e pode ser traduzido como “nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás”. E o intelectual Abdias do Nascimento aprofundou seu conceito: “[…] retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.” (NASCIMENTO, 2021). Povos tradicionais – indígenas quilombolas, povos de terreiro entre outros – têm uma relação com a ancestralidade – traduzida neste adinkra – como um lugar de respeito e conhecimento/sabedoria. Essa relação temporal ancestral é cantada por Paulinho da Viola, por exemplo:
Meu filho tome cuidado
Quando eu penso no futuro
Não esqueço o meu passado
(Dança da Solidão – Paulinho da Viola)
Por um outro lado, na discussão atual sobre meio ambiente, muito se fala sobre a necessidade de permitir que as próximas gerações desfrutem do meio ambiente e que tenham recursos naturais que possibilitem a existência com dignidade – numa perspectiva de futuro.
Dessa forma, como a questão ambiental e o conhecimento tradicional, e ancestral, podem ser abordados em sala de aula? Inicialmente vamos compreender como a questão ambiental tem sido abordada internacionalmente e o que pode ser abordado a partir da realidade brasileira, em toda sua riqueza e diversidade.
A Agenda 2030, composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas, é uma agenda global visando o desenvolvimento sustentável (DS). Os objetivos estão relacionados às questões ambientais, sociais e econômicas, afirmando que o DS é compromisso multidimensional. Essa Agenda é o resultado de diversos encontros internacionais visando garantir que as próximas gerações possam habitar o planeta com qualidade de vida.
Dentre os objetivos, podemos destacar alguns, tais como: Água Potável e Saneamento, Energia Limpa e Acessível e Cidades e Comunidades Sustentáveis, os quais podem ser trabalhados neste capítulo.

Figura 1: Objetivos da Agenda 2030
Fazendo um resgate histórico, é possível observar que a preocupação com o planeta e a degradação ambiental têm origem na década de 1960, de modo que foi possível observar impactos na saúde da população. Um exemplo é o caso ocorrido em Japão, na baía de Minamata, onde uma indústria contaminou a baía da cidade após despejar resíduo contendo metilmercúrio, comprometendo a saúde da população.
Dessa forma, começou-se a questionar se é possível obter em conjunto o desenvolvimento econômico e a manutenção dos recursos naturais. Esta temática atravessa algumas questões, como, por exemplo, o modo de vida de outros povos e como eles lidam com o meio ambiente e os recursos naturais. De acordo com Silva, Almeida e Pereira (2021, p. 15) “[…] as pessoas não percebem que o meio ambiente é resultado do funcionamento integrado de seus vários componentes e, portanto, a intervenção sobre qualquer um deles afetará o todo”.
Refletindo ainda sobre outra questão que atravessa esta temática – de escassez dos recursos naturais e limite planetário – podemos nos debruçar sobre o tópico do aumento populacional. É interessante refletir e questionarmo-nos se o problema é o crescimento populacional ou a forma como ocorre o consumo de recursos, ainda mais pelos países mais ricos. Discussão abordada no artigo Planet Earth: 8 billion humans and dwindling resources (https://phys.org/news/2022-11-planet-earth-billion-humans-dwindling.html).
O texto pontua a diferença de consumo entre os países ditos desenvolvidos frente àqueles denominados “em desenvolvimento”. E ainda aponta que:
“Se todos no planeta vivessem como cidadãos da Índia, precisaríamos apenas da capacidade de 0,8 Terras por ano, de acordo com a Global Footprint Network e a WWF. Se todos consumissem como um residente dos Estados Unidos, precisaríamos de cinco Terras por ano (BOTTOLLIER-DEPOIS, 2022, p.3, grifo nosso).”
O artigo finaliza sinalizando que o conceito de “muitos” (referindo-se a ênfase dada no aumento populacional) evita a discussão de como o conhecimento tem sido usado na formação dos seres humanos no convívio uns com os outros e ainda com o meio ambiente.
Dessa forma, diante dos ODS, da Agenda 2030 e das diversas formas de observar esta questão, é interessante destacar alguns tópicos que dialogam com esta temática – tais como os recursos naturais e a degradação ambiental, além dos desafios que devem ser enfrentados com a projeção de crescimento populacional – que podem ser abordados em sala de aula.
- Recursos naturais;
- Recursos renováveis;
- Biomas;
- Gases de Efeito Estufa;
- Projeção da ONU de crescimento populacional e impactos;
- Cidade/ Urbanização e Cidades Sustentáveis;

Figura 2: Card de divulgação do episódio 327 do podcast Mamilos
Diante do senso comum, que costuma subjugar (menosprezar) o conhecimento e os povos tradicionais, geralmente interpretando-os num lugar de atraso frente aos ditos civilizados europeus, questiona-se quem são os ditos “selvagens”, se aqueles que “[…] derrubam e queimam as florestas ou os que tratam as árvores e animais da mata como seus iguais? Quem são os primitivos: os que importam e acreditam na última teoria da moda ou os que observam seu entorno e estudam seu passado?” (BERTOLOTTO, 2020, p.2 )
[1] Definição de cosmovisão: “Sistema pessoal de ideias e sentimentos acerca do Universo, concepção do mundo”. Michaelis on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/cosmovis%C3%A3o. Acesso 06 nov 2022.
[2] Relativo a hegemonia que, de acordo com o dicionário on-line Michaelis – verbete 4, “4 POLÍT De acordo com Antonio Gramsci (1891-1937), poder político que se origina da liderança, da autoridade ou do consenso intelectual ou moral, que difere da superioridade decorrente do uso da violência.”
Para saber mais
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável • IBGE Explica
COMO A COLONIZAÇÃO DEFINE O PRESENTE DA ÁFRICA
Fio no Twitter de Tainá de Paula, Arquiteta e Urbanista e Vereadora
- Tainá de Paula👓 on Twitter: “A ação contra as mudanças climáticas deve ser tanto global quanto local. O global passa pelas mudanças nas dinâmicas geopolíticas e econômicas (principalmente sobre matriz energética). O local passa por cidades resilientes e por cidadãos conscientes e participantes da mudança.” / Twitter
- https://twitter.com/tainadepaularj/status/1455296911464873984
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