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RECURSOS NATURAIS
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO MÉDIO
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioeconômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral.
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS NO ENSINO MÉDIO: COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
(EM13MAT102) Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesquisas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por diferentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de interpretação, como escalas e amostras não apropriadas.
(EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeoquímicos e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e da interferência humana sobre esses ciclos, para promover ações individuais e/ ou coletivas que minimizem consequências nocivas à vida.
(EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais, tecnologias e possíveis soluções para as demandas que envolvem a geração, o transporte, a distribuição e o consumo de energia elétrica, considerando a disponibilidade de recursos, a eficiência energética, a relação custo/benefício, as características geográficas e ambientais, a produção de resíduos e os impactos socioambientais e culturais.
(EM13CNT206) Discutir a importância da preservação e conservação da biodiversidade, considerando parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ambientais para a garantia da sustentabilidade do planeta.
(EM13CNT309) Analisar questões socioambientais, políticas e econômicas relativas à dependência do mundo atual em relação aos recursos não renováveis e discutir a necessidade de introdução de alternativas e novas tecnologias energéticas e de materiais, comparando diferentes tipos de motores e processos de produção de novos materiais.
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos (saneamento, energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saúde e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de avaliar e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da população.
Recursos Naturais
Existe alguma relação entre ancestralidade e recursos naturais/ meio ambiente?
Podemos observar a imagem acima e seu significado. Este símbolo é um adinkra, ideograma africano, e pode ser traduzido como “nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás”. E o intelectual Abdias do Nascimento aprofundou seu conceito: “[…] retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.” (NASCIMENTO, 2021). Povos tradicionais – indígenas quilombolas, povos de terreiro entre outros – têm uma relação com a ancestralidade – traduzida neste adinkra – como um lugar de respeito e conhecimento/sabedoria. Essa relação temporal ancestral é cantada por Paulinho da Viola, por exemplo:
Meu filho tome cuidado
Quando eu penso no futuro
Não esqueço o meu passado
(Dança da Solidão – Paulinho da Viola)
Por um outro lado, na discussão atual sobre meio ambiente, muito se fala sobre a necessidade de permitir que as próximas gerações desfrutem do meio ambiente e que tenham recursos naturais que possibilitem a existência com dignidade – numa perspectiva de futuro.
Dessa forma, como a questão ambiental e o conhecimento tradicional, e ancestral, podem ser abordados em sala de aula? Inicialmente vamos compreender como a questão ambiental tem sido abordada internacionalmente e o que pode ser abordado a partir da realidade brasileira, em toda sua riqueza e diversidade.
A Agenda 2030, composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas, é uma agenda global visando o desenvolvimento sustentável (DS). Os objetivos estão relacionados às questões ambientais, sociais e econômicas, afirmando que o DS é compromisso multidimensional. Essa Agenda é o resultado de diversos encontros internacionais visando garantir que as próximas gerações possam habitar o planeta com qualidade de vida.
Dentre os objetivos, podemos destacar alguns, tais como: Água Potável e Saneamento, Energia Limpa e Acessível e Cidades e Comunidades Sustentáveis, os quais podem ser trabalhados neste capítulo.
Figura 1: Objetivos da Agenda 2030
Fazendo um resgate histórico, é possível observar que a preocupação com o planeta e a degradação ambiental têm origem na década de 1960, de modo que foi possível observar impactos na saúde da população. Um exemplo é o caso ocorrido em Japão, na baía de Minamata, onde uma indústria contaminou a baía da cidade após despejar resíduo contendo metilmercúrio, comprometendo a saúde da população.
Dessa forma, começou-se a questionar se é possível obter em conjunto o desenvolvimento econômico e a manutenção dos recursos naturais. Esta temática atravessa algumas questões, como, por exemplo, o modo de vida de outros povos e como eles lidam com o meio ambiente e os recursos naturais. De acordo com Silva, Almeida e Pereira (2021, p. 15) “[…] as pessoas não percebem que o meio ambiente é resultado do funcionamento integrado de seus vários componentes e, portanto, a intervenção sobre qualquer um deles afetará o todo”.
Refletindo ainda sobre outra questão que atravessa esta temática – de escassez dos recursos naturais e limite planetário – podemos nos debruçar sobre o tópico do aumento populacional. É interessante refletir e questionarmo-nos se o problema é o crescimento populacional ou a forma como ocorre o consumo de recursos, ainda mais pelos países mais ricos. Discussão abordada no artigo Planet Earth: 8 billion humans and dwindling resources (https://phys.org/news/2022-11-planet-earth-billion-humans-dwindling.html).
O texto pontua a diferença de consumo entre os países ditos desenvolvidos frente àqueles denominados “em desenvolvimento”. E ainda aponta que:
“Se todos no planeta vivessem como cidadãos da Índia, precisaríamos apenas da capacidade de 0,8 Terras por ano, de acordo com a Global Footprint Network e a WWF. Se todos consumissem como um residente dos Estados Unidos, precisaríamos de cinco Terras por ano (BOTTOLLIER-DEPOIS, 2022, p.3, grifo nosso).”
O artigo finaliza sinalizando que o conceito de “muitos” (referindo-se a ênfase dada no aumento populacional) evita a discussão de como o conhecimento tem sido usado na formação dos seres humanos no convívio uns com os outros e ainda com o meio ambiente.
Dessa forma, diante dos ODS, da Agenda 2030 e das diversas formas de observar esta questão, é interessante destacar alguns tópicos que dialogam com esta temática – tais como os recursos naturais e a degradação ambiental, além dos desafios que devem ser enfrentados com a projeção de crescimento populacional – que podem ser abordados em sala de aula.
- Recursos naturais;
- Recursos renováveis;
- Biomas;
- Gases de Efeito Estufa;
- Projeção da ONU de crescimento populacional e impactos;
- Cidade/ Urbanização e Cidades Sustentáveis;
A fim de tornar a discussão mais robusta, é interessante compreender como as questões racial e ambiental se entrelaçam. Por exemplo, um dos ODS é a Erradicação da Pobreza e, pensando pelo senso comum, tem-se a imagem do continente africano como um lugar de pobreza e escassez, no entanto, menos frequente, é o questionamento dos processos históricos que podem ter acarretado este cenário e, ainda, é interessante descolonizar o olhar e buscar observá-lo (o continente) como um lugar de potência.
Além disso, o aquecimento global tem implicações práticas e é importante compreender como as mudanças climáticas afetam as populações mais vulneráveis e quais as características destes povos. Afinal, como podemos explicar as desigualdades existentes entre os países? Os processos colonizatórios e extrativistas (veja a reportagem “Europa reluta em indenizar a África pela colonização”, do jornal El País, <https://brasil.elpais.com/internacional/2020-09-07/a-europa-reluta-em-indenizar-a-africa-pela-colonizacao.html>), por exemplo, deixam – com frequência – um rastro de pobreza e degradação ambiental.
Um outro tópico que atravessa esta temática é o modo de compreender o meio ambiente e se relacionar com a natureza, ou com os recursos naturais, para os diferentes povos. De acordo com Souza, Batista e Silva (2018) existe um saber disseminado no currículo escolar em detrimento de outros, como propõe o trecho destacado:
Os conhecimentos, os saberes, os paradigmas e o currículo escolar são constantemente conduzidos por paradigmas eurocêntricos, considerados verdades absolutas. Desconsiderando saberes e conhecimentos formulados por outros grupos, colocados num lugar de menos valor. Como tentativa de romper com essa visão dominante eurocêntrica, mostra-se necessário o processo de valorizar e incorporar os diversos conhecimentos nos currículos escolares, bem como, fora dos muros da escola (SOUZA; BATISTA; SILVA, p. 181, 2018).
Sendo assim, é interessante observar como os elementos naturais e a ancestralidade se conectam na cosmovisão[1] indígena e africana, por exemplo, e se contrapõe à visão hegemônica[2]. Pode-se ainda pontuar que, para o povo indígena da etnia Krenak e o povo africano da etnia Iorubá, os elementos naturais são vistos como ancestrais e cultuados como divindades. Pode-se observar, por exemplo, o impacto gerado pelo desastre ambiental de Mariana (MG) no povo Krenak e na religiosidade do Candomblé, respectivamente. O episódio 327 do podcast “Mamilos” aborda o tema da ancestralidade na celebração do Dia da Consciência Negra.
Figura 2: Card de divulgação do episódio 327 do podcast Mamilos
Diante do senso comum, que costuma subjugar (menosprezar) o conhecimento e os povos tradicionais, geralmente interpretando-os num lugar de atraso frente aos ditos civilizados europeus, questiona-se quem são os ditos “selvagens”, se aqueles que “[…] derrubam e queimam as florestas ou os que tratam as árvores e animais da mata como seus iguais? Quem são os primitivos: os que importam e acreditam na última teoria da moda ou os que observam seu entorno e estudam seu passado?” (BERTOLOTTO, 2020, p.2 )
[1] Definição de cosmovisão: “Sistema pessoal de ideias e sentimentos acerca do Universo, concepção do mundo”. Michaelis on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/cosmovis%C3%A3o. Acesso 06 nov 2022.
[2] Relativo a hegemonia que, de acordo com o dicionário on-line Michaelis – verbete 4, “4 POLÍT De acordo com Antonio Gramsci (1891-1937), poder político que se origina da liderança, da autoridade ou do consenso intelectual ou moral, que difere da superioridade decorrente do uso da violência.”
Para saber mais
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável • IBGE Explica
COMO A COLONIZAÇÃO DEFINE O PRESENTE DA ÁFRICA
Fio no Twitter de Tainá de Paula, Arquiteta e Urbanista e Vereadora
- Tainá de Paula👓 on Twitter: “A ação contra as mudanças climáticas deve ser tanto global quanto local. O global passa pelas mudanças nas dinâmicas geopolíticas e econômicas (principalmente sobre matriz energética). O local passa por cidades resilientes e por cidadãos conscientes e participantes da mudança.” / Twitter
- https://twitter.com/tainadepaularj/status/1455296911464873984
Europa reluta em indenizar a África pela colonização | Internacional | EL PAÍS Brasil
Cartilha-Povos-tradicionais.pdf
Povos tradicionais, sustentabilidade e proteção da terra | Ciência e Cultura
BERTOLOTTO, R. Penso, logo resisto: Como as cosmovisões de indígenas e afrodescendentes podem ajudar a construir uma filosofia brasileira. CEBEDS, 2020. Disponível em: <https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/reconstrucao-cosmovisao-/>. Acesso 06 nov 2022.
SILVA, C. D. D.; ALMEIDA, L. A. P.; FERREIRA, N. P. Educação ambiental e conservação do solo: uma proposta didática interdisciplinar para a educação básica. Natural Resources, v.11, n.3, p. 14-19, 2021. DOI:
http://doi.org/10.6008/CBPC2237-9290.2021.003.0003. Disponível em: https://www.sustenere.co/index.php/naturalresources/article/view/6308. Acesso 06 nov 2022.
SOUZA, E. G. M.; BATISTA, I. B. M.; SILVA, K. S. DESCOLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO ESCOLAR: DIALOGANDO SOBRE
DIFERENÇAS, DIVERSIDADES E CURRÍCULO. In: Descolonialidades e Cosmovisões – Pesquisas sobre Gênero, Educação e Afrodescendência (E-Book). Teresina – PI:
EDUFPI, 2018. Disponível em: <https://www.ufpi.br/arquivos_download/arquivos/EDUFPI/E-BOOK_2018_18_set_201820180918153950.pdf>. Acesso 06 nov 2022.