Trap Não É Armadilha
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TRAP NÃO É ARMADILHA, MAS SOLUÇÃO!
Você sabia que o trap é um estilo de música em alta no nosso país e no mundo? Pois é! Esta palavra de origem Inglesa tem sentido de armadilha/cilada, o que informa um pouco do contexto histórico no qual o ritmo está relacionado: as casas de tráfico na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos. No Brasil, ainda há disputas sobre quando e onde o trap surgiu, mas o que importa é que ele tá aí, crescendo cada vez mais e fazendo a cabeça de quem o produz e ouve. Vamo trocá uma ideia sobre isso?
O estilo pode ser considerado um subgênero do rap tradicional, cujas referências são mais melódicas e compassadas, porque busca a experimentação crua de sons e vozes sincronizados em meios eletrônicos. Desse modo, ocorre uma importante inovação: jovens do mundo inteiro podem produzi-lo, de forma independente, com apenas um celular ou um computador.
Tal tendência tem chamado muito a atenção no Brasil por se tratar de uma juventude periférica, com poucos recursos, que consegue criar algo diferente a partir de misturas que vão da música clássica ao funk e ao rap, do rock à MPB, e de letras que narram as trajetórias de quem as produzem. A mudança está em experimentar sem medo de ser feliz, pois é a criatividade quem manda!
Sendo bastante autoral, o trap pode parecer pesado ao trazer temas como a violência, a falta de acesso aos direitos básicos, o uso da tecnologia e até mesmo as formas de lazer e diversão. No entanto, isso é um dos modos de representar o contexto social de suas criadoras/ seus criadores. Nesse sentido, ele é um gênero musical que cumpre o papel que o rap e o funk tinham (e ainda têm) de serem porta-vozes das experiências da juventude.
Além disso, o trap também pode ser considerado um filho rebelde do rap – e olha que o rap já nasceu subversivo, hein! Esta postura afrontosa é percebida no estilo das roupas, nas tatuagens faciais, nos grills e na luz neon que juntos fazem oestilo remeter-se a um futuro distópico, sendo profundamente criativo e elaborado por jovens que desafiam as estruturas de uma sociedade racista, machista e homo/transfóbica.
Dentro deste contexto, é importante mencionar que o uso de aplicativos e tecnologias digitais possibilita uma série de aprendizagens, principalmente quando o assunto é conquistar oportunidades de trabalho ou o ensino técnico/superior. Muitos que começaram apenas com um celular na mão são hoje produtores independentes ou possuem estúdio próprio. Com o aumento do acesso à internet, as chances tanto de produção quanto de divulgação de trampos também foram ampliadas, o que demonstra que com pouco, ou quase nada, jovens periféricos vêm ganhando espaço na música e ressignificando as suas trajetórias.
Agora, vamos focar especificamente na relação entre a História e o trap? Você já parou para pensar que as populações negras do mundo sempre lançaram tendências que transformaram a cultura mundial? Basta lembrar-se do jazz, do samba, do rap, do funk, da disco music, do manguebeat…São tantos estilos resilientes e resistentes que fica até difícil enumerar. Então, de certa maneira, a música pode ser compreendida como narrativa histórica que conta as experiências de populações e com o trap não é diferente! Assista ao vídeo subsequente em que MC Taya explica um pouco de sua trajetória no podcast Lança a Braba e de como surgiu a inspiração para a música Preta Patrícia lançada em 2020.
MC TAYA REVELA A ORIGEM DE PRETA PATRÍCIA | Cortes Brabos
No vídeo, as questões relacionadas à ascensão de jovens da periferia, ao uso da tecnologia, ao acesso à educação superior e ao significado de ser preta patrícia revelam que o estilo é, diferentemente do seu sentido original, uma perspectiva de vida baseada na experiência periférica; um percurso alternativo.Logo, o trap não é armadilha, mas solução!